João Vaccari
Neto e Renato Duque
(Folhapress/Estadão
Conteúdo)
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Denúncia do MPF foi aceita pelo
juiz Sergio Moro, que viu ‘razoável prova de que houve acertos de propinas'
envolvendo a empresa, políticos e a Petrobras
O juiz federal Sergio Moro aceitou
nova denúncia contra o ex-diretor da Petrobras Renato Duque e
o ex-tesoureiro do PT João
Vaccari Neto. Ele são acusados pelo Ministério Público Federal de
receber propina nos contratos que a estatal fechou com empresa Sete
Brasil. Foram denunciados na mesma ação executivos que trabalhavam na Sete
Brasil – dois deles fizeram delação premiada. A Sete Brasil foi contratada pela
Petrobras em 2012 para construir 21 sondas de perfuração para o pré-sal,
contrato que chegaria a 43,9 bilhões de dólares.
A denúncia do MPF mostra que o esquema de
corrupção na Petrobras foi reproduzido no Sete Brasil. A Sete é
uma empresa privada constituída por diversos investidores, entre eles a própria
Petrobras, fundos de pensão como Petros, Previ e Funcef, além
de instituições financeiras como Bradesco, Santander e BTG Pactual. Segundo
investigação da Polícia
Federal e do MPF, a propina de 0,9% sobre o valor dos contratos
era dividida entre os diretores da Petrobras, a cúpula da Sete Brasil e o Partido dos Trabalhadores,
representado por Vaccari Neto. Os ganhos da quadrilha poderiam chegar a 1,2
bilhão de reais nos contratos da fabricação das sondas do pré-sal.
Na avaliação de Moro, a
denúncia do MPF tem “indícios suficientes” de autoria e materialidade. Para o
juiz, há “razoável prova de que houve acertos de propinas envolvendo agentes da
Petrobras, da Sete Brasil e políticos nos contratos da Sete Brasil com os
estaleiros responsáveis pelo fornecimento de sondas à estatal de petróleo”,
conforme trecho da decisão que acatou a denúncia.
Duque está preso por conta de duas
condenações, que somam mais de 40 anos de prisão, por corrupção
passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ele já tinha sido condenado
por receber propinas no exterior a partir de repasses da Odebrecht para
uma conta de uma empresa offshore, e em outra ação penal por pagamento de
propinas envolvendo dois gasodutos e duas refinarias da Petrobras. Duque não
conseguiu negociar um acordo de colaboração premiada, por não se prontificar a
contar tudo que sabe sobre o pagamento de propinas nos governos do PT.
Vaccari também deverá ser
condenado pela terceira vez. Ele foi sentenciado a 24 anos de prisão em dois
processos, por corrupção e lavagem de dinheiro. No ano passado, ele estava
decidido a fazer uma delação premiada, mas desistiu para não comprometer toda a
cúpula do PT, inclusive o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, para quem operou na política e até na
aquisição do tríplex
no Guarujá. “Não posso delatar porque sou um fundador do partido.
Se eu falar, entrego a alma do PT. E tem mais: o pessoal da CUT me mata assim
que eu botar a cara na rua”, disse Vaccari conforme
reportagem de VEJA de junho de 2016.
Por Hugo Marques
Veja.com
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