Violência
prejudica entrega de encomendas
em algumas regiões
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Moradores de Brás de Pina, Penha e
Olaria, na Zona Norte do Rio, reclamam que há mais de um ano os Correios não
entregam encomendas e nem cartas em suas casas. E o motivo alegado é a
violência. Por conta disso, os moradores precisam se deslocar até os centros de
distribuição e, mesmo assim, nem sempre a correspondência chega.
“Há cinco meses que nós não
estamos recebendo nossa correspondência. No primeiro mês não chegou no dia 5,
achei estranho. Dia 10 cheguei, eles me entregaram um bolo, um bolo enorme de
cartas”, contou o mecânico e motorista Robson Barreto.
Em função disso, muitos moradores
têm ido buscar as cartas nas agências do Correios nos últimos meses. “Ainda tem
um agravante, esses dias vim pegar minhas contas. Achei no bolo contas da minha
irmã. Pediram para eu aproveitar e entregar as cartas da minha irmã e de um
vizinho. Que história é essa?”, criticou Robson Barreto.
Carteiros afastados em função
da violência
O Sindicato dos Trabalhadores dos
Correios diz que a origem dos problemas está na redução do quadro de
funcionários na cidade do Rio de Janeiro. “Nos últimos tempos tivemos demissões
incentivadas, estamos com 1.500 funcionários a menos, e vai ter mais um plano
de demissão agora e vão embora mais 400”, explicou Rosimere Leodoro, do
Sintect-RJ.
E tem ainda o afastamento do
serviço por conta da violência nas ruas. Só no centro dos Correios da Penha,
que distribui encomendas maiores, dos 44 carteiros lotados nesta unidade, 13
estão afastados. Ou seja, quase 30% dos carteiros não estão trabalhando por
problemas psicológicos decorrentes de assaltos.
Como as fatura não chegam, os
pagamentos acabam atrasando. “Cartões que tem que pagar atrasado, conta
telefone, inclusive meu marido esqueceu de pagar por causa disso e teve que
pagar atrasado”, reclamou a professora Kátia Rodrigues da Silva.
Nas agências, quando os moradores
vão atrás das correspondências, falta orientação. “Falta muita informação,
chego atrás das minhas cartas. Nunca chegam, vou atrás de informação ninguém
nunca informa. Hoje que eu vim saber, quando não está aqui, fica lá em Benfica.
Não chega em casa e você precisa adivinhar onde está? Não chega aviso nenhum.
Nada, nada, nada”, disse o comerciante Ronaldo Rodrigues da Silva.
Em pouco tempo em frente ao centro
de distribuição domiciliar na Penha, a equipe do Bom Dia Rio viu diversas
situações na entrega correspondências e pequenas encomendas em casas e no
comércio. “É o meu plano de saúde. Eu preciso dele”, afirmou a autônoma Tereza
Cristina da Silva, que já teve problema e não recebeu a conta na data do
vencimento. Ela entrou na agência atrás notícias, mas saiu de mãos vazias na
data limite.
“Nada para mim. Disseram que não
tinha nada para mim, o que tinha já saiu, e na minha casa não chegou nada”,
lamentou a mulher que disse que teria de ir à empresa e imprimir novo boleto
para poder pagar a segunda via na internet.
Tem morador que não sofre apenas
com a correspondência pessoal. Paulo depende dos Correios para os negócios. Ele
tem uma corretora de seguros e não está recebendo as apólices. Devido a isso,
precisa tirar a segunda via, o que causa incômodo aos segurados. As seguradoras
enviam as correspondências, mas elas não chegam.
O aposentado Edgar Bernardo de
Souza contestou uma cobrança, que foi reconhecida como indevida, e está
esperando um documento com a correção para encerrar de vez a questão. “Estou
dependendo de uma fatura que encaminharam oito dias atrás para eu resolver um
problema. E até agora não chegaram aqui. Há oito dias ligaram que já tinham
colocado nos Correios. Vim hoje aqui porque já passou de oito dias. Já tem dez
dias”, lamentou o aposentado.
Carteiros estão 'acostumados'
com assaltos
O motorista Mauro Salvador
trabalha há oito anos como motorista terceirizado dos Correios. E diz que está
acostumado com os assaltos, fala até com uma impressionante tranquilidade.
“O assalto é frequente aqui. Agora
mesmo acaba de chegar um colega que foi assaltado. Saiu meia hora atrás, já foi
assaltado, aqui perto. Saiu daqui, eles ficam olhando e pegam a gente mais na
frente. Até hoje está tranquilo. Tranquilo que eu digo, nunca ameaçaram a
gente. Fui assaltado umas 20 e poucas vezes. Os carteiros podem pegar licença,
motorista não. A gente tem que estar de volta no dia seguinte. É o nosso pão de
cada dia”, contou o motorista.
A Polícia Militar informou que faz
patrulhamento na região, com carros e motocicletas, para inibir a prática de
crimes e que o novo comandante do Batalhão de Olaria já agendou uma reunião com
os Correios para tratar dos assaltos.
Em nota, os Correios informam que
o endereço das pessoas mostradas na reportagem é classificado como área de
restrição de entrega de encomendas por causa do grande número de assaltos e que
essas restrições são reavaliadas constantemente. Os Correios dizem ainda que a
restrição é apenas para a entrega de encomendas e que a entrega de correspondência
continua sendo feita normalmente nestes locais.
Só que o Bom Dia Rio viu que os
moradores não estão recebendo em casa as suas correspondências. Sobre a
denúncia do sindicato de que houve redução no número de funcionários no Rio, os
Correios responderam que estão reavaliando a necessidade de cada localidade e
que somente após a conclusão desse estudo será possível saber se será preciso
fazer um novo concurso público para contratação de pessoal.
Os Correios disseram ainda que os
carteiros que optaram pelo programa de demissão representam menos de quatro por
cento do efetivo do estado.
Por Bom Dia Rio
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