Daniel
Pittet descreve os abusos que sofreu entre 1968 e 1972
- dos 9 aos 13 anos - pelo padre Joël Allaz
(Foto:
Reprodução/YouTube/Katholisches Medienzentrum)
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Daniel Pittet descreve os
abusos que sofreu entre 1968 e 1972 - dos 9 aos 13 anos - pelo padre Joël
Allaz, um suíço da ordem dos capuchinhos.
A cada semana durante quatro anos
ele foi violentado por um padre na Suíça. Mais de 40 anos depois, Daniel Pittet
conta seu calvário e sua luta pela verdade em um livro com prólogo do papa
Francisco.
"Mon Père, je vous
pardonne" (Padre, eu te perdoo) foi escrito por um ex-monge, atualmente
casado e pai de seis filhos.
Daniel Pittet, de 57 anos, morador
do cantão suíço de Friburgo, conheceu o papa em 2015. Francisco aceitou
escrever o prólogo de seu livro e destacou que "testemunhos como o seu
lançam luz sobre uma zona terrível de sombra na vida da Igreja", abalada
por vários escândalos de pedofilia.
O autor descreve os abusos que
sofreu entre 1968 e 1972 - dos 9 aos 13 anos - pelo padre Joël Allaz, um suíço
da ordem dos capuchinhos.
Pittet sofreu quase "200 atos
de violação", no silêncio de um convento, afirmou à AFP. Mas basta apenas
um "para destruir a vida de uma pessoa". E Daniel Pittet calcula em
mais de 100 as vítimas prováveis do padre Joël.
Poucas foram conhecidas.
"Para uma vítima de violência é muito difícil falar", conta Pittet,
que sofreu depressão e outras doenças.
"Falta de provas"
Daniel Pittet esperou quase 20
anos antes de denunciar o padre Joël Allaz à justiça eclesiástica, depois de
ouvir sobre uma nova vítima. O sacerdote foi transferido imediatamente para a
França, a uma diocese de Grenoble (leste).
Em 2003, após novas suspeitas, o
padre Allaz foi transferido para a irmandade dos capuchinhos de Bron, perto de
Lyon (leste), onde dirigia um "serviço administrativo sem
ministério".
Mas foi necessário esperar novas
revelações para que a polícia iniciasse uma investigação. Em 2008 eram
computados 24 casos de vítimas de abuso sexual - a maioria prescritos -
cometidos entre 1958 e 1995 na Suíça e na França.
Joël Allaz foi condenado em
dezembro de 2011 a uma pena de dois anos de prisão com suspensão condicional da
sentença, após um julgamento.
Daniel Pittet foi reconhecido como
uma vítima pela diocese de Friburgo e pela congregação dos capuchinhos. Mas a
justiça da Igreja não condenou o agressor. Uma investigação eclesiástica aberta
em 2002 em Grenoble foi fechada por "falta de provas".
O padre "nunca foi reduzido
ao estado laical", lamenta Pittet. O capuchinho, agora com 76 anos,
continua vivendo na Suíça. A vítima está convencida de que um "pedófilo
continua sendo pedófilo por toda a vida".
O agressor concordou em falar em
julho de 2016 em uma entrevista publicada no epílogo do livro de Pittet. Joël
Allaz reconhece ser "este pedófilo monstruoso que deixou uma série de
vítimas", mas garante que não tem mais "este tipo de impulso".
Daniel Pittet o encontrou
novamente em novembro do ano passado.
"Não falamos de pedofilia.
Não pediu perdão, mas já havia feito isto em uma carta", conta sobre o
homem que, segundo ele, "nunca deveria ter sido padre".
Atualmente, este católico
comprometido fala "por todos aqueles que não poderão falar jamais".
Não culpa a Igreja - embora critique sua ingenuidade - por uma praga que pode
ocorrer "em todas as famílias". "Poderia ter sido meu tio, foi
um padre".
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