O presidente
de Angola, José Eduardo dos Santos, em foto
de 3 de
julho de 2015 (Foto: Alain Jocard/AFP)
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José Eduardo dos Santos é um
dos mais antigos líderes africanos no poder; ele indicou sucessor.
O presidente José Eduardo dos
Santos, um dos mais antigos líderes africanos, confirmou nesta sexta-feira (3)
o fim do seu regime de 37 anos em Angola, ao anunciar que não irá tentar a
reeleição nas eleições gerais de agosto.
De acordo com informações vazadas
em dezembro, um de seus seguidores, o atual ministro da Defesa João Lourenço,
foi escolhido para sucedê-lo à frente do país.
"O Comitê Central do MPLA
(Movimento Popular para a Libertação de Angola, no poder) aprovou o nome do
candidato João Lourenço na lista para as eleições de agosto", declarou
Santos na abertura de uma reunião do partido.
Com 74 anos, Santos, também
conhecido como "Zedu", confirmou sua aposentadoria após boatos sobre
sua doença.
Santos, que chegou ao poder em
1979, perde por apenas um mês o título de decano dos presidentes africanos para
o atual presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema.
"Muitos angolanos vão
vivenciar pela primeira vez uma mudança de presidente", comentou à AFP
Alex Vines, do centro britânico Chatham House. "Este é um ponto de virada
na história moderna de Angola", acrescenta o especialista.
No ano passado, Santos evocou pela
primeira vez publicamente sua aposentadoria, dizendo que deixaria o cargo em
2018, um ano depois de uma provável reeleição.
E no início de dezembro, fontes do
partido revelaram que ele não disputaria outro mandato como presidente. Mas
esta informação não foi confirmada oficialmente, abrindo a porta a todos os
rumores.
Filho
Santos foi por muito tempo acusado
de querer promover um de seus filhos para perpetuar o seu domínio sobre o país.
Mas, confrontado com a relutância
dos dirigentes do MPLA, ele confirmou nesta sexta-feira que cederá a João
Lourenço, atual ministro da Defesa e vice-presidente do partido.
O general da reserva deve
sucedê-lo na direção de Angola se, com toda a probabilidade, o partido no poder
vencer em agosto.
A Constituição angolana não prevê
eleição presidencial, mas aponta que o cargo de chefe de Estado vai para o
número 1 do partido que vence as eleições.
"O processo de transição foi
formalizado por Santos. Isso irá diminuir os rumores de que o presidente
poderia dar um passo atrás", afirma Vines.
Com a saída do ex-guerrilheiro
marxista, uma nova página da história de Angola se abre, mas seus adversários
não esperam grandes mudanças.
"As pessoas vão perceber que
ninguém é eterno, mas no nível político não vai mudar muito", prevê o
rapper e opositor Luaty Beirão.
Repressão
O MPLA chegou ao poder em 1975,
quando Angola tornou-se independente de Portugal. Santos tomou as rédeas do
país quatro anos mais tarde, após a morte do líder histórico, Agostinho Neto.
Durante o seu reinado,
"Zedu" impôs a sua autoridade em todo o país, da justiça à economia,
amordaçando a oposição por meio de uma repressão policial brutal.
Símbolo de seu poder em Angola,
nomeou em junho passado a sua filha Isabel, considerada a mulher mais rica da
África, para o posto-chave de diretora da Sonangol, a companhia nacional de
hidrocarbonetos.
Se ele tirou o país da guerra
civil (1975-2002) deixa para João Lourenço um país mergulhado na pobreza
extrema e em uma grave crise econômica causada pela queda do preço do petróleo.
Por France Presse
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