O presidente Michel Temer durante reunião com o colega
argentino, Mauricio Macri.
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Nos encontros
entre as delegações dos dois países serão discutidos problemas bilaterais, como
o déficit argentino de US$ 4,3 bilhões na balança comercial
O presidente da
Argentina, Mauricio Macri, faz nesta terça-feira visita de Estado a Brasília
— a primeira desde a sua posse, há 14 meses. O objetivo é reforçar a
relação com o Brasil, principal parceiro argentino na região, no momento em que
os dois países querem eliminar barreiras comerciais e conquistar terceiros
mercados e que os Estados Unidos, sob a presidência de Donald Trump, ameaçam
adotar uma politica mais protecionista.
“O encontro dos
presidentes Mauricio Macri e Michel Temer abre novas possibilidades, já que
pela primeira vez em muito tempo a Argentina e o Brasil estão sintonizados em
termos de politica monetária, cambial e comercial”, disse o economista Dante
Sica, da consultora Abeceb. Ele lembra que, apesar de os dois países serem os
principais sócios do Mercosul (mercado comum integrado também pelo Paraguai, o
Uruguai e a Venezuela), o intercâmbio comercial em 2016, de US$ 22,5 bilhões,
foi o mais baixo dos últimos dez anos. “Nas duas últimas décadas, a agenda do
Mercosul foi repetitiva e os interesses brasileiros e argentinos muitas vezes
estavam cruzados, com cada país tentando administrar sua própria crise”,
acrescentou Sica.
Apesar das
incertezas politicas no Brasil, abalado pelas investigações da Lava Jato,
diplomatas brasileiros e argentinos concordam que o diálogo entre os governos
dos dois países está “mais fluido” que no passado recente e que existe boa
vontade, de ambas as partes, de “ouvir” sugestões para superar os problemas.
“Existe uma sintonia porque tanto o Brasil quanto a Argentina adotaram câmbio
flexível, estabeleceram metas inflacionárias e defendem negociações para
integrar o Mercosul a terceiros mercados”, disse Dante Sica.
Nos encontros
entre as delegações dos dois países também serão discutidos problemas
bilaterais, como o déficit argentino de US$ 4,3 bilhões na balança comercial,
que preocupa Macri. O empresário foi eleito presidente com a promessa de
reduzir a inflação (que, em 2016, atingiu 40%) e a pobreza (que afeta um terço
dos argentinos), além de atrair novos investimentos.
Pauta da
reunião — O Brasil quer incluir a entrada do açúcar na união aduaneira
— uma proposta a que a Argentina resistiu nos últimos 20 anos e que agora
pode ser revista. Os argentinos produzem açúcar no Norte do pais e mantinham
seu mercado fechado às importações do Brasil, alegando que os produtores
brasileiros recebiam incentivos do governo.
Outra questão
que preocupa o Brasil é a nova lei argentina que incentiva a indústria
automobilística a comprar autopeças produzidas no país. Os fabricantes de
veículos na Argentina que tenham, no mínimo, 30% de conteúdo nacional, serão
beneficiados por uma redução de impostos. O Brasil quer que suas autopeças
sejam consideradas “nacionais” pelos argentinos.
Para Macri, a
relação com o Brasil é fundamental: 40% das exportações industriais argentinas
são destinadas ao mercado brasileiro. E o Brasil tem um estoque de investimento
de US$ 12 bilhões na Argentina. Tanto Macri quanto Temer estão apostando na
retomada do crescimento econômico nos dois países e no fim da recessão.
(Com agência
Brasil)
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