© Fornecido por Estadão Moradores atearam
fogo a pneus e fecharam a via
|
O reforço da
Força Nacional de Segurança e de tropas militares não estancou a sensação de
insegurança no Espírito Santo. O número de mortes desde sábado subiu para 75 no
quarto dia de greve da Polícia Militar. O clima de tensão dividiu a população:
moradores revoltados com a paralisação e parentes de PMs entraram em confronto
na frente do Quartel Central. O movimento grevista encontrou eco no Rio. Famílias
de policiais programam iniciar movimento semelhante nesta semana.
Apesar da
redução no número de homicídios – foram 3 casos nesta terça, igual à média
diária registrada no primeiro semestre de 2016 –, a insegurança se mantém em
Vitória e revoltou um grupo de moradores. Pneus foram queimados na Avenida
Maruípe, na frente do Quartel Central, onde parentes de PMs fazem piquete desde
o início do movimento grevista – impedindo saída de agentes. Os grupos se
enfrentaram e soldados do Exército usaram spray de pimenta para contornar a
situação. Pelo menos 30 PMs fardados, no batalhão, assistiram à confusão de
braços cruzados.
Priscila
Nascimento de Almeida, de 27 anos, namorada de um PM, foi atingida por uma
pedra na cabeça enquanto circulava em meio ao grupo. “Eles pensam que a culpa
pelo que está acontecendo é nossa, mas a culpa é do governador”, afirmou.
Já o secretário
de Segurança Pública do Espírito Santo, André Garcia, classificou como
“chantagem” o movimento e prometeu punição. Segundo ele, os piquetes de
mulheres “não passam de teatrinho”.
Quem se queixou
da situação foi Wanderson Celestino, de 36 anos, trabalhador informal em um
lava-jato na periferia. Desde sábado, está sem serviço. “Preciso trabalhar,
senão não tenho como pagar meu aluguel.”
João Paulo
Rocha, de 20 anos, teve seu automóvel Gol roubado em Vila Velha no último
domingo. Ele estava com a namorada quando foi abordado por dois homens em uma
moto. Segundo ele, a chegada dos agentes do Exército e da Força Nacional de
Segurança melhorou a situação apenas nos bairros nobres. “As pessoas estão
circulando só de carro, não se vê ninguém caminhando pelas ruas.”
Rio. O
movimento no Espírito Santo pode provocar reflexo no Rio. Frustrados com a
crise financeira do Estado, com salários atrasados e sem receber o décimo
terceiro, policiais e suas famílias passaram a mobilizar-se para entrar em
greve na sexta-feira. O plano é seguir para a porta dos batalhões às 5h30.
Tropas do
Exército já estão se mobilizando para o caso de a Polícia Militar fluminense
entrar em greve. Embora o Comando Militar do Leste afirme que há apenas
“planejamento” até o momento, fontes confirmaram ao Estado que homens da
Brigada Paraquedista estão se apresentando no quartel, para ficarem de
prontidão, em caso de necessidade.
“Nosso objetivo
é acampar na frente dos quartéis. Estamos nos organizando para fazer
revezamento”, afirmou uma das organizadoras, que se identificou como Ana.
Segundo ela, a adesão será grande dentro dos quartéis. “Eles não podem fazer
greve, mas estão revoltados pela forma como os servidores estão sendo tratados
pelo governo. E os policiais não vão aceitar que o Batalhão de Choque agrida as
famílias como tem agredido os servidores. Não vai ter covardia”, afirmou.
A polícia
fluminense, no entanto, não tem histórico de paralisação. “O setor de
inteligência está monitorando essa mobilização, mas não temos como medir a
adesão. Estamos atentos e continuaremos trabalhando”, afirmou o major Ivan
Blaz, porta-voz da Polícia Militar.
A mobilização
das famílias de PMs provocou uma onda de boatos nas redes sociais. Um ofício
falso do comandante da PM, Wolney Dias, autorizando a greve, chegou a
repercutir. O perfil da Polícia Militar no Facebook desmentiu os boatos e fez
um apelo à tropa. “A nossa falta causaria males incalculáveis e irreparáveis.
Paralisar um serviço essencial afeta toda a população, incluindo nossas
famílias. A quem interessa a barbárie?”
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentario.
Fique sempre ligado do que acontece em nossa cidade!