O
republicano Ben Carson discursa durante evento no
dia 17 de
junho (Foto: Steve Marcus/Reuters)
|
Neurocirurgião que disputou
primárias republicanas é o primeiro negro no governo do novo presidente
americano.
O presidente eleito dos Estados
Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (5) a nomeação de Ben
Carson, o neurocirurgião aposentado que disputou as primárias republicanas,
como secretário de Habitação e Desenvolvimento Urbano, ao retomar as consultas
para a formação de seu gabinete.
Carson, um negro conservador
profundamente religioso e que teve um bom momento durante as primárias
republicanas, não tem experiência em políticas de habitação, mas citou sua
infância em um bairro pobre de Detroit como credencial para o posto.
Primeiro afro-americano nomeado
para integrar o governo de Trump, que toma posse em 20 de janeiro, Carson
"tem uma mente brilhante e é apaixonado por fortalecer comunidades e
famílias dentro destas comunidades", afirmou o presidente eleito em um
comunicado.
"Conversamos de maneira longa
sobre minha agenda de renovação urbana e nossa mensagem de revitalização
econômica, que incluem amplamente as cidades do interior", completou
Trump.
O neurocirurgião aposentado já
havia dado indícios de que estava pronto para trabalhar na tentativa de
reverter a situação das zonas urbanas carentes. "Sinto que posso dar uma
uma contribuição significativa, particularmente fortalecendo comunidades que
têm grandes necessidades", disse Carson.
"Temos muito trabalho a fazer
para melhorar cada aspecto de nossa nação e assegurar que as necessidades de
habitação do país sejam alcançadas", completou.
"Cresci em uma zona
marginalizada. E passei muito tempo lá. E tratei muitos pacientes desta
área", declarou ao canal Fox News em novembro.
Serenidade
Carson liderou por um breve momento a primária republicana, com uma imagem serena e de fala pausada, um contraste com a disputa vociferante que acontecia ao seu redor.
Carson liderou por um breve momento a primária republicana, com uma imagem serena e de fala pausada, um contraste com a disputa vociferante que acontecia ao seu redor.
Sua candidatura, que inicialmente
recebeu apoio entre os cristãos conservadores, perdeu fôlego pela falta de
propostas e respostas claras sobre temas importantes.
O neurocirurgião aposentado,
integrante da Igreja Adventista do Sétimo Dia, se apresentara como uma
alternativa ao furioso Trump, pregando tolerância e compromisso.
Trump o criticou sem trégua
durante as primárias, ao acusar o adversário de ter um caráter "patológico".
Mas Carson aderiu à campanha do
magnata depois de abandonar a disputa em março, descrevendo o ex-rival como
"um homem muito inteligente e profundamente interessado pelo país".
Ben Carson levou Trump a um visita
aos bairros marginalizados de Detroit em setembro, quando o agora presidente
eleito tentava melhorar sua imagem entre os eleitores da comunidade negra.
E saiu em defesa de Trump após a
divulgação de um áudio de 2005 em que o republicano celebrava o fato de apalpar
as mulheres.
- Sonho americano -A história de
Carson, 65 anos, é o padrão do sonho americano: nasceu pobre, foi criado por
uma mãe analfabeta que se casou aos 13 anos e que foi abandonada pelo marido.
Estudante exemplar, ganhou bolsa
da Universidade de Yale e estudou na Faculdade de Medicina da Universidade de
Michigan.
Aos 33 anos se tornou diretor de
Neurocirurgia Pediátrica da Universidade Johns Hopkins. Recebeu aclamação
mundial em 1987 ao realizar a primeira operação que teve sucesso para separar
siameses unidos pela cabeça.
Se aposentou em 2013 e passou ser
conhecido nos círculos conservadores, com o discurso de como a fé e os valores
familiares o ajudaram a superar as dificuldades e a realizar seu sonho.
Sempre fala sobre a
responsabilidade individual, o que o levou a criticar o estado de bem-estar,
que segundo ele cria uma dependência entre os mais pobres.
Por France Presse
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