O ex-governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, preso
na operação
Calicute, faz
exame de corpo delito no IML de Curitiba
- 10/12/2016
(Vagner Rosário/VEJA.com)
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Executivo também vai contar em delação como construtoras
fraudaram licitações no Rio e apresentaram propostas idênticas para todos
ganharem
O diretor da Odebrecht Leandro Andrade Azevedo, um dos
delatores da empresa, conta que o braço-direito de Sérgio Cabral agiu
explicitamente para dar uma forcinha à Carioca Engenharia, aquela que pagava
propina em forma de mesada ao ex-governador.
O episódio, detalhado na prévia da delação do executivo,
é de 2013 e termina com a fraude de duas licitações do governo do estado,
segundo ele. Uma delas constava na lista de compromissos feitos para a
Olimpíada do Rio-2016.
Azevedo diz que a Odebrecht estava monitorando a
concorrência de uma obra que tinha por objetivo dar fim às cheias nos canais
dos rios Pomba e Muriaé, que cortam o Norte e o Noroeste fluminense.
Na ocasião, ele foi chamado para uma conversinha com
Antonio da Hora, atual secretário de Meio Ambiente de Luiz Fernando Pezão.
De acordo com Azevedo, Antonio da Hora, à época
subsecretário, falou sobre a necessidade de a Odebrecht se associar à Carioca
Engenharia para concorrer à empreitada.
Hora falava em nome de Wilson Carlos, operador e
ex-secretário de Cabral, preso junto com o chefe no mês passado.
“Na sequência, agendei uma reunião com Wilson Carlos[…]
(Ele) reiterou a exigência de participação da Carioca, destacando que seria
muito importante a sua participação no consórcio, com o percentual de
aproximadamente 30%, porque com isso saldaria uma dívida que o governo tinha
com Ricardo Pernambuco Junior (sócio da Carioca)”.
A cúpula do Odebrecht acatou a ordem e incluiu a Carioca
no consórcio, com a participação determinada pelo homem de confiança de Cabral.
O acerto, porém, não se limitou às intervenções nos canais dos rios Pomba e
Muriaé.
Azevedo relatou que a negociata comprometeu outra
licitação: a de despoluição do Complexo Lagunar da Barra da Tijuca. Trata-se
de uma das melhorias prometidas para as
Olimpíadas de 2016.
O esquema foi desenhado em uma dobradinha, no melhor
estilo do cartel que assaltou a Petrobras.
Diz Azevedo que a Odebrecht faria uma proposta “fake” na
licitação do projeto de despoluição do Complexo Lagunar no Rio. O lance, mais
baixo, serviria apenas dar ares de legalidade à vitória de um consórcio formado
por Queiroz Galvão, OAS e Andrade Gutierrez.
Em contrapartida, o inverso aconteceria na disputa pelas
obras do Norte Fluminense.
“Tive conhecimento, posteriormente, de que o consorcio
formado pela Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez e OAS procurou Marcos Saliveros
(da Odebrecht) e Rodolfo Mantuano (Carioca), pedindo cobertura para a obra da
Lagoa da Barra e, nessa oportunidade, foi solicitado reciprocidade para as
obras do Norte e Noroeste Fluminense”.
O combinado só saiu caro para os moribundos cofres do
estado e seus contribuintes.
De acordo com Azevedo, Odebrecht e Carioca arremataram o
que queriam por exatos R$ 597.736.148,06, um pouco abaixo da proposta de
mentirinha da Queiroz Galvão, de R$ 600.736.148,06.
Pasme, segundo Azevedo, os valores foram idênticos aos
apresentados na concorrência do Complexo Lagunar: Queiroz Galvão, OAS e Andrade
Gutierrez levaram por R$ 597.736.148,06, e a Odebrecht ofereceu R$
600.736.148,06.
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