Pessoas
caminham em frente a casas destruídas pelo furacão
Matthew em Jeremie, no Haiti (Foto: Hector
Retamal/AFP)
|
Jeremie foi devastada pela
passagem do furacão Matthew. Polícia do Haiti patrulha constantemente cidade para evitar revolta.
A angústia é um sentimento que
começa a se estender entre a população de Jeremie, no sudoeste do Haiti, perante a falta de água e de
alimentos. Oito dias depois de o furacão Matthew arrasar a cidade, a ajuda
humanitária ainda não consegue chegar.
A Polícia Nacional do Haiti
patrulha constantemente a cidade e as ruas próximas e não duvida na hora de
sufocar a menor ameaça de revolta, como a que se desencadeou esta semana,
quando um grupo de homens bloqueou uma das ruas de acesso ao centro. Pelo menos
um foi detido depois que duas barricadas foram montadas para exigir a entrega
de comida, bebida e remédios que parecem nunca chegar.
Os colégios que se tornaram
abrigos para a população, como o Sainte Marguerite d'Youville, acolhem centenas
de pessoas e são um perfeito reflexo da urgência que é a chegada de ajuda.
Além dos problemas logísticos
causados pela dificuldade de acesso às regiões mais castigadas, outra razão
para a demora é a falta de coordenação institucional, que continua impedindo o
desenvolvimento de uma ação humanitária eficiente para atender as necessidades
básicas da população.
Fazer a ajuda chegar a milhares de
afetados requer uma complexa organização pactuada entre todas as partes, e
falta a criação de um gabinete com representantes de cada um dos atores que
participam da gestão da crise, tanto governamentais quanto ONGs, afirmou à
Agência Efe um oficial da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do
Haiti (Minustah), que prefere não revelar o seu nome.
Segundo o militar, para que a ajuda
flua e para tomar decisões rápidas perante cada contingência apresentada, a
coordenação é imprescindível, mas, atualmente, não existe nem sequer um cálculo
geral da ajuda que chegou, neste caso a Jeremie, desde que o furacão arrasou
essa região.
Até agora, os materiais chegam de
avião, com um número irregular de voos, carregados de ajuda fornecida por
diferentes países, que aterrissam na pista de Jeremie. O local de decolagem e
aterrissagem desta cidade em nada se parece com instalações aeroportuárias, e
apenas uma estrada em linha reta e sem asfalto a distingue como tal.
Suas características só permitem a
chegada de helicópteros e aviões de pequeno porte, já que a pista é curta para
a circulação de aeronaves maiores.
Lá estão soldados da Missão das Nações
Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah) de Brasil e Ruanda, que colaboram
com a logística e a segurança das cargas que chegam, embora não sejam eles os
responsáveis diretos pela entrega.
A chegada de um helicóptero dos
fuzileiros navais dos Estados Unidos reúne na pista vários soldados que
colaboram com a descarga das caixas que trazem alimentos básicos, como arroz e
óleo, com um peso aproximado de três toneladas.
A ideia é entregar uma caixa por
família, mas, até chegar a seu destino, ela é armazenada e vigiada o tempo todo
pelas brigadas da Minustah para evitar possíveis saques.
Os soldados também garantem a
segurança da distribuição, dando instruções para que quem vai receber a ajuda
mantenha a ordem e aguarde sua vez.
Lá também chegam materiais para
montar tendas, não só para a população, mas também para os pelotões da
Minustah, cuja base foi abalada durante o furacão. Se nenhum dos soldados saiu
ferido é porque todos ficaram dentro dos veículos 4x4, caminhões e caminhonetes
que existem no acampamento, disse à Efe um dos membros do grupo que permanece
fixo em Jeremie.
Os haitianos também receberão
ajudas via terrestre, trazidas por várias organizações como Cruz Vermelha e
Organização Mundial da Saúde (OMS).
Da Agência Efe
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentario.
Fique sempre ligado do que acontece em nossa cidade!