Polícia Federal deflagra a Operação Boca
Livre, que investiga
fraudes por meio da Lei Rouanet(Polícia
Federal/Divulgação)
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Juiz federal afirmou que o valor
pífio encontrado é 'no mínimo estranho' e levanta suspeitas 'desfavoráveis' aos
executivos do Grupo Bellini, principal alvo da Operação Boca Livre
A Justiça Federal de São Paulo
encontrou apenas 161,56 reais nas doze contas dos executivos do Grupo Bellini,
principal alvo da Operação Boca
Livre, que investiga desvios de 180 milhões de reais por meio da
Lei Rouanet. Na conta do empresário e controlador da empresa, Antonio Carlos
Bellini Amorim, não foi achado nem um único centavo. Já nas cinco contas do seu
filho Felipe Amorim, o noivo do casório, que, segundo a PF, foi bancado por
projetos da Lei Rouanet, foi encontrado 159,71 reais. E nas três contas do seu
irmão, Bruno, foi localizado apenas 1,85 reais.
O trio foi preso na semana passada
durante a operação. Inicialmente, o mandado expedido contra eles era de prisão
temporária (válida por cinco dias), mas depois se converteu em preventiva (por
tempo indeterminado). O achado de valores tão pífios causou perplexidade entre
os investigadores porque o Grupo Bellini captou, segundo levantamento preliminar,
4,58 milhões de reais pelo mecanismo de incentivo da Lei Rouanet.
A PF e a Procuradoria da República
fizeram uma varredura na lista de fornecedores arrolados para os projetos
culturais, conforme informações prestadas pelo Ministério da Cultura, e
verificaram que pessoas físicas e jurídicas ligadas a Bellini, "bem como o
próprio", foram destinatários de pagamentos superiores a 4,5 milhões de
reais, o que corresponde a 15,59% da amostra de pagamentos avaliados.
Na decisão que determinou a prisão
preventiva de pai e filhos, o juiz federal Hong Kou Hen chama a atenção para a
suspeita de que os envolvidos esvaziaram as suas contas bancárias. "Merece
destaque, ainda, que determinado o bloqueio de valores sob titularidade dos
investigados, restou informado que Antônio possuía saldo zero reais nas suas
quatro contas, Bruno, o saldo de 1,85 reais nas suas três contas, e Felipe o
saldo de 159,71 reais nas suas cinco contas, o que, no mínimo é estranho, e
levanta suspeitas desfavoráveis aos investigados, considerando que foram
movimentados milhões de reais nos últimos anos", afirmou o magistrado.
"No entender deste juízo, não se trata de situação de penúria econômica,
mas de provável manobra de esvaziamento das contas bancárias, circunstância que
evidencia conduta visando frustrar a aplicação da lei penal", destacou
Hong Kou Hen. Procurados, os representantes do Grupo Bellini não foram
encontrados.
(Com Estadão Conteúdo)
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