Entrada do
motel Tititi, em Olinda, onde o corpo
de Paulo
César de Barros Morato foi encontrado
(Felipe Frazão/VEJA |
Paulo César Morato foi apontado
como um dos testas de ferro de esquema de lavagem
A causa da morte do empresário Paulo César Morato, uma
das peças-chave nas investigações da Operação Turbulência, na
quarta-feira passada em um motel de Olinda (PE), foi intoxicação por
organofosforado, conhecido popularmente como chumbinho. A Polícia Científica
pernambucana chegou à conclusão por meio dos resultados dos exames de DNA,
histopatológico (análise de tecidos) e toxicológico nas vísceras de Morato. De
acordo com os investigadores, o empresário seria um dos testas de ferro do
esquema de lavagem de dinheiro que abasteceu campanhas políticas e foi usado na
compra do jatinho Cessna PR-AFA, cuja queda, em 2014, matou o então candidato a
presidente Eduardo Campos (PSB), ex-governador de Pernambuco.
A Secretaria de Defesa Social de
Pernambuco (SDS) não esclarece se Paulo César Morato se suicidou ou foi
envenenado por outra pessoa. Segundo a SDS, para elucidar as circunstâncias da
morte do empresário, ainda faltam os resultados das perícias papiloscópica
(exame das impressões digitais), tanatoscópica (exame do cadáver), análise
química, das imagens e do local da morte. Assim que estiverem concluídos, em um
prazo de dez dias, os exames serão incorporados ao inquérito da Polícia Civil
que apura a morte de Morato.
Segundo o advogado do motel
Tititi, Higinio Luis Araújo Marinsalta, Morato entrou no quarto por volta das
12 horas da terça-feira passada, trancou-se
no quarto e não solicitou nenhum serviço. "Ele não tinha feito
nenhum pedido, nem avisado se iria ou não renovar a diária. Os funcionários
então telefonaram, mas ele não atendeu. Depois, bateram na porta do quarto e
não houve resposta."
Morato era procurado pela polícia
e acusado de lavagem de dinheiro, organização criminosa e falsidade ideológica.
Ele e outros comparsas movimentaram 600 milhões de reais nos últimos seis anos.
A Polícia Federal encontrou indícios de que o esquema foi usado por políticos e
teria servido a campanhas do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, em
2010 e 2014. Uma empresa de fachada em nome de Morato, a Câmara &
Vasconcelos Locação e Terraplanagem, recebeu um repasse suspeito de 18,8
milhões de reais da empreiteira OAS. Conforme a PF, parte do dinheiro serviu
para a compra do jatinho Cessna PR-AFA. A empresa diz que trabalhava em obras
da transposição do Rio São Francisco.
No pedido de prisão preventiva do
empresário, a PF escreveu: "O vínculo de Paulo Morato com a organização
criminosa é inconteste, uma vez que suas empresas são bastante utilizadas no
esquema ora apurado. Elas foram utilizadas na aquisição da aeronave que vitimou
o candidato Eduardo Campos, além de terem sido receptoras de recursos
provenientes das empresas de fachada utilizadas no esquema de lavagem de
dinheiro engendrado por Alberto Youssef [doleiro e delator da Operação Lava
Jato] com relação ao pagamento de vantagens indevidas decorrentes da execução
de obras da Petrobras."
Veja.com
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