Paleontologista
Sebastian Apesteguia posa em Buenos Aires
perto da
réplica de Gualicho
(Foto: EITAN
ABRAMOVICH / AFP)
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Animal pré-histórico tem seis metros
de comprimento do rabo à cabeça. Único antecedente é o africano
Deltadromaeus, descoberto na Nigéria.
Feroz, carnívoro, implacável e
intimidante com seis metros de comprimento do rabo à cabeça.
"Gualicho", o último dinossauro descoberto na Argentina, abre uma
nova linhagem em sua espécie, disseram os pesquisadores nesta quarta-feira (13)
ao apresentá-lo em Buenos Aires.
Trata-se de um terópode de mãos
com dois dedos, algo incomum para o que se tem descoberto até agora no
continente, que o localiza como um achado de enorme significado mundial,
segundo explicou em coletiva de imprensa Sebastián Apesteguía, pesquisador do
Conselho Nacional de Investigações Científicas e Técnicas (Conicet).
"É uma linhagem completamente
diferente. Nós ficamos gelados ao descobri-lo, já que, para nós, foi como ter
um enorme elefante debaixo do tapete", explicou Apesteguía durante a
apresentação no Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação Produtiva da
Argentina.
Uma particularidade de
"Gualicho" é que seu único antecedente é o terópode africano Deltadromaeus,
descoberto em Kem Kem, Nigéria, que, entretanto, jamais teve os ossos dos
braços encontrados, onde se detectaria a singularidade.
O trabalho sobre
"Gualicho", que foi publicado na prestigiada revista científica Plos
One, leva a assinatura de Apesteguía junto com Rubén Juárez Valieri, que se
especializa em dinossauros carnívoros e ornistíquios na Secretaria de Cultura
do Rio Negro.
Origem do nome
"Colocamos o nome Gualicho
para honrar a antiga deusa watsiltsüm dos índios tehuelches do norte
(argentino), que é considerada como a dona dos animais e do vento. Além das
enormes dificuldades que lidamos para poder recuperar o esqueleto achado",
comentou Apesteguía.
"Gualicho" é uma palavra
que na Argentina significa uma espécie de feitiço, e estava relacionado com a
pesquisa, onde a equipe sofreu a virada de uma caminhonete e a negociação de
diversas premissas de escavação, o que atrasou o trabalho em anos.
Os obstáculos burocráticos e
outros de "má sorte" levaram, inclusive, a pesquisa a ficar durante
um tempo nas mãos de outro grupo de paleontólogos.
O desenrolar do descobrimento
começou no ano 2000, quando a equipe de Apesteguía encontrou ossos de dinossauros
e troncos petrificados em um campo próximo da área de Villa El Chocón, em
Neuquén, ao lado da província do Rio Negro, na Patagônia.
Em 2007, após juntar os recursos e
se associar com profissionais estrangeiros, Apesteguía empreendeu a expedição
junto com Peter Makovicky, cientista do Field Museum de Chicago, nos Estados
Unidos.
Algumas semanas depois, a chefe
dos técnicos do Field Museum, a japonesa Akiko Shinya, encontrou o esqueleto
quase completo de um dinossauro carnívoro que hoje é conhecido como
"Gualicho Shinyae", também em homenagem a essa profissional.
"Atualmente, a paleontologia
gera recursos e turismo. Os dinossauros são o maior atrativo para conectar com
as novas gerações", manifestou Lino Barañao, ministro de Ciência,
Tecnologia e Inovação Produtiva.
A maior parte dos fósseis de
"Gualicho" foi colocada no Museu Patagônico de Ciências Naturais, de
General Roca, Rio Negro, enquanto alguns estão preservados no Museu Provincial
Carlos Amehino da cidade de Cipolletti, na mesma província.
O sul argentino - fronteiriço com
o Chile - abriga uma das maiores jazidas de fósseis de dinossauros. O último
achado que causou surpresa entre a comunidade científica foi anunciado em
janeiro: restos de um saurópode gigante do Cretáceo, o Notocolossus, cujo úmero
mede 1,76 metro, uma espécie da família dos titanossauros também desconhecida
até o presente.
Da France Presse
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