O pecuarista
José Carlos Bumlai
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O pecuarista José Carlos Bumlai,
amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fez um depoimento secreto à
Operação Lava Jato. Investigadores quiseram saber do pecuarista se ele
participou da aquisição do terreno e das obras da sede do Instituo Lula, em São
Paulo. As perguntas da força-tarefa a Bumlai envolveram também a
empreiteira Odebrecht.
O conteúdo do novo depoimento do
amigo de Lula está sendo mantido sob sigilo pelo juiz Sérgio Moro, a pedido da
Polícia Federal, 'para preservar a eficácia das investigações'.
Bumlai foi preso na Operação Passe
Livre, 21ª fase da Lava Jato, em 24 de novembro do ano passado. Em março deste
ano, Moro autorizou prisão domiciliar por três meses - monitorado com
tornozeleira eletrônica -, para o amigo de Lula. O pecuarista, de 71 anos, foi
diagnosticado com câncer na bexiga.
O conteúdo secreto do novo
depoimento de Bumlai não tem relação com o emblemático empréstimo de R$ 12 milhões
junto ao Banco Schahin - valor tomado pelo pecuarista em outubro de 2004 e que
teria sido destinado ao PT. A dívida é alvo de ação penal na qual Bumlai é réu
por corrupção e gestão fraudulenta (Lei do Colarinho Branco). O filho do
pecuarista Mauricio Bumlai também é acusado no caso.
Em despacho anexado aos autos em
20 de junho, o juiz Moro afirmou que o sigilo não prejudica as defesas no
processo sobre o empréstimo de R$ 12 milhões, pois os fatos descritos no novo
depoimento 'não dizem respeito à ação penal'.
"A autoridade policial anexou
novo termo de depoimento prestado por José Carlos Bumlai, cujo conteúdo
requereu fosse mantido em sigilo, à exceção da defesa do próprio investigado,
para preservar a eficácia das investigações. Mantenho, assim, sigilo nível 2
sobre a documentação, já que talvez necessário para não prejudicar as
investigações a serem realizadas", determinou Moro.
O magistrado ordenou o acesso
exclusivo à defesa de Bumlai sobre o depoimento, 'evidentemente sem prejuízo do
acesso pelo Ministério Público Federal'. "Considerando que este inquérito
já instrui a ação penal, deverá a autoridade policial prosseguir nas
investigações pendentes, sobre fatos ainda não denunciados, em novos
inquéritos, encerrando este a fim de evitar confusão", decidiu Sérgio
Moro.
Sítio
Bumlai também é peça-chave na
investigação sobre o Sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), que seria de Lula,
segundo suspeita a Lava Jato, mas registrado em nome de amigos. O imóvel passou
por ampla reforma em 2011 que envolveu Bumlai, Odebrecht e a OAS - outra
empreiteira do cartel que fatiava obras e pagava propinas milionárias na
Petrobrás.
O Estadão apurou
que Bumlai não fechou acordo de delação premiada, mas tem buscado adotar uma
postura colaborativa com as investigações da Lava Jato.
O Instituto Lula, por meio de sua
assessoria de imprensa, tem negado qualquer irregularidade.
Estadão
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