Mais cedo, categoria anunciou
paralisação nesta segunda-feira. 'Bem-vindo ao inferno', dizia
faixa estendida no desembarque do Galeão.
Após o anúncio de que fariam uma
paralisação, agentes da polícia civil realizaram um protesto contra a
precariedade das condições de trabalho em frente à sede da chefia da
corporação, na tarde desta segunda-feira (27), na Lapa, região central do Rio.
Uma das principais reclamações dos
policiais é o parcelamento dos salários (leia carta aberta à população no fim
da reportagem). Os agentes se vestiram de preto simbolizando luto pela
categoria e prometeram sair em passeata até a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
Policiais levaram faixa para o
galeão com os dizeres, em inglês: 'Bem-vindo ao inferno' (Foto:
Reprodução/Globo)
De acordo com Fabio Neira,
presidente da Coligação dos policiais civis do Rio de Janeiro, que organizou o
protesto, a categoria é muito cobrada pela sociedade, trabalha sob risco e não
tem condições para exercer suas funções plenamente.
"Este é um protesto pacífico,
mas que mostra a situação da categoria no estado. Queremos esclarecer para a
população a situação na qual nos encontramos", declarou Neira.
Ele afirma, ainda, que desde o
começo do ano os agentes sofrem com a redução da estrutura nas delegacias e,
agora, sofrem mais ainda com o parcelamento de seus salários.
Pela manhã, em um protesto no
Galeão, uma faixa foi estendida no desembarque com os dizeres (em inglês):
"Bem-vindo ao inferno: policiais e bombeiros não recebem, quem vier ao Rio
de Janeiro não estará seguro".
"As deficiências são
materiais, com redução nas cotas de combustíveis R sem dinheiro até para
alimentar os presos, que muitas vezes acabam saindo do bolso dos agentes. Os
contratos terceirizados com o trabalho de limpeza e de assistência social, que
faziam um ótimo trabalho, também venceram", explicou o presidente da
entidade.
Em entrevista ao jornal O Globo, o
governador em exercício Francisco Dornelles disse que o dinheiro pra manter a
frota da polícia em operação termina na sexta-feira (1º). O governo está
aguardando a ajuda de quase R$ 3 bilhões prometida pela União. O governador
disse que espera que esse dinheiro seja transferido até quinta-feira (30).
Em nota, o secretário de
Segurança, José Mariano Beltrame, reconheceu que os policiais têm trabalhado
com profissionalismo para defender a sociedade, mesmo com gratificações e
salários atrasados e que a secretaria aguarda a liberação dos recursos federais
para honrar seus compromissos e dar aos policiais a serenidade necessária para
proteger a população.
Parcelamento atinge aposentados
Gedeon de Souza e Silva, de 76
anos de idade, veio de Inhaúma para participar do protesto. Mesmo aposentado
desde 1987, ele fez questão de estar junto aos colegas.
"Eu acho importante porque o
estado deve muito aos policiais. São salários atrasados e temos que reivindicar
para ver se as condições melhoram. Porque é um trabalho que envolve
riscos", explicou.
E não são só os aposentados.
Policiais mais jovens também afirmam sofrer com a precariedade em delegacias.
Duas inspetoras aprovadas em concurso público há menos de três anos e que
preferem não se identificar fazem questão de mostrar o distintivo no peito,
embora não escondam o desânimo com a situação da categoria.
"Falta papel higiênico e
material de trabalho básico como caneta e papel para a impressão de boletins de
ocorrência. As celas estão em estado de insalubridade. A gente faz vaquinha e
traz muita coisa de casa", conta uma delas.
A outra completa a fala da colega
e explica que os problemas chegam a ameaçar a segurança dos policiais.
"Fora o sucateamento das
armas, a maioria está dando pane", acrescentou.
Categoria decide parar
Policiais Civis e delegados do Rio
de Janeiro começaram uma paralisação na manhã desta segunda. De acordo com o
representante do Sindicato dos Delegados de Polícia (Sindelpol-RJ), agentes não
trabalharão acontecerá das 8h às 16h
O principal motivo expor as
péssimas condições de trabalho enfrentada pelos policiais. Durante esse
período, estarão suspensos os serviços de investigação.
Os policiais também reivindicam os
salários que não foram pagos integralmente; o corte do orçamento; a falta de
água, papel, impressora e faxina nas delegacias e no Instituto Médico Legal
(IML).
Um comunicado emitido pelo
Sindicato dos Delegados de Polícia (Sindelpol-RJ) foi feito para ser
distribuído nas delegacias do estado e explicar à população os motivos da
paralisação. Segundo o Sindelpol, quase todas as delegacias do estado apoiam o
movimento.
A crise financeira ainda afeta a
operação das aeronaves da instituição. De acordo com a assessoria da Polícia
Civil, atualmente, as três aeronaves (uma executiva e duas operacionais) não
estão sendo utilizadas por falta de recursos financeiros. Ainda de acordo com a
instituição, todos os esforços estão sendo feitos junto à Secretaria de Estado
de Segurança (SESEG) e ao Governo do Estado para resolver a situação.
Delegados e agentes fizeram
paralisação no RJ nesta segunda-feira (Foto: Divulgação)
Delegados e agentes fizeram
paralisação no RJ nesta segunda-feira (Foto: Divulgação)
Civil
diz que mobilização "é justa"
Em nota, a Chefia de Polícia Civil
afirmou entender que a mobilização dos agentes é justa "em razão das
dificuldades enfrentadas por esses importantes operadores de segurança
pública".
Entretanto, quanto a deliberação
em assembleia pela suspensão ainda que temporária do atendimento ao cidadão,
"a chefia entende que é prejudicial à sociedade e está envidando esforços
junto aos policiais civis no sentido de que o cidadão não seja duplamente
vitimado. No tocante às demais deliberações, está aberta a entendimento com os
delegados e demais classes para que a situação seja resolvida".
A corporação acrescentou que
disponibiliza à sociedade o serviço de registro online e da Central de
Atendimento ao Cidadão (CAC), pelos telefones (21) 2334-8823, (21) 2334-8835 e
pelo chat.
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