Bens foram apreendidos pela
Polícia Federal; empresários presos em Recife são suspeitos de manterem uma
extensa rede de lavagem de dinheiro
A organização criminosa
especializada em lavagem de dinheiro para políticos investigada na Operação
Turbulência da Polícia Federal acostumou-se a ostentar riqueza e luxo e passou
a dar nomes, no mínimo, provocativos aos bens que amealhavam com o crime. A
maior evidência deste fato, e que chamou a atenção da Polícia Federal, eram as
postagens deles nas redes sociais, em especial sobre as embarcações e automóveis.
Dois dos líderes do esquema, os
empresários, sócios e amigos João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho e Eduardo
Freire Bezerra Leite, o Ventola, eram apaixonados por lanchas. Ambos estão
presos preventivamente. Lyra possui em seu nome duas lanchas, uma das quais
tinha o nome "Segredo", mas que ele decidiu mudar para
"Sedução" quando comprou. O comparsa Ventola também tinha lanchas com
a mesma alcunha. Lyra ainda tinha mais três jet-skis, um deles com o sugestivo
nome de "Ousadia e Alegria".
Apontado como operador de propinas
do ex-governador e ex-candidato à Presidência da República Eduardo Campos
(PSB), morto em acidente aéreo em 2014, Lyra era autodeclarado dono do jatinho
Cessna PR-AFA do acidente fatal. Ele figurou como sócio de ao menos quatro empresas,
mas tinha um patrimônio incompatível com a renda. Em 2013, por exemplo, os
créditos na conta bancária dela era 211 vezes sua renda líquida declarada.
Entre os automóveis registrados, estão uma Land Rover Defender 110 e dois VW
Jetta 2.0.
Eduardo Ventola, outro dos
"cabeças" da organização, passou pelo quadro societário de ao menos
sete empresas, entre elas administradoras de bens e imóveis. Gostava de passear
com amigos e familiares em lanchas e aeronaves.
Ventola possui em seu nome três
carros de luxo: uma Mercedez Benz E320, uma caminhonete 4x4 Toytoa Hilux CD SRV
e uma Hyundai Tucson GLSB. Também usava uma Land Rover Discovery 4 3.0 SE,
registrada em nome de uma de suas empresas. Ventola é dono das lanchas
"Volupia I", "Mimosa", "Duas Marias I",
"Weekend", duas de nome "Sedução", "Sedução I" e
"Sedução III", uma lancha jet boat e um jet-ski.
Os bens mais valiosos de Ventola
são, na verdade, seus dois helicópteros e o avião monomotor experimental.
Trata-se de um Eurocopter AS 350 B3 de prefixo PR-LEE, um Robinson R44II de
prefixo PR-HCC e um monomotor Flyer RV-10 de prefixo PT-ZPE. Ventola também tem
patrimônio incompatível, segundo a PF. Em 2013, ele movimentou créditos de 18
milhões de reais mas declarou rendimentos líquidos de 241.586,58 reais - 76
vezes menor.
Além deles, participava da cúpula
da organização o empresário Apolo Santana Vieira, que tem participação direta
ou indireta em dezoito empresas. Ele também foi preso. Apolo é dono da BMW X6 M
branca apreendida no pátio da Polícia Federal, além de duas jangadas.
Ele já era alvo de ao menos três
inquéritos: dois por crimes contra ordem econômica e um por crimes contra o
sistema financeiro nacional, destinado a apurar depósitos não declarados em
contas de duas empresas no Safra National Bank, de Nova York. Também foi
denunciado duas vezes e responde a uma terceira ação penal por fraude na
importação de pneus.
Os dois testas de ferro contra
quem havia mandado de prisão preventiva eram Paulo César de Barros Morato,
encontrado morto em um motel de Olinda (PE) na quarta-feira, e o vaqueiro
Arthur Roberto Lapa Rosal, o "Tuta Rosal". Morato era dono de duas
empresas do esquema, a Câmara & Vasconcelos Locação e Terraplanagem e a
Lagoa Indústria e Comércio. No motel, a Polícia Civil encontrou cheques em
branco, envelopes para depósito, 3.000 reais em dinheiro e um Jeep Renegade
preto, que ele dirigia.
Tuta Rosal, por sua vez, tem seu
nome no quadro societário de nove empresas do ramo de transportes, postos de
gasolina e lojas de conveniência. Rosal já foi processado duas vezes na Justiça
de Pernambuco por crimes de trânsito - em um dos casos, dirigia embriagado - e
uma vez com base na Lei Maria da Penha, por agredir uma ex-namorada durante uma
discussão em um show musical. A PF diz que ele tem o costume de postar fotos
nas redes sociais "ostentando riqueza, ao lado de carros importados,
cavalos de raça e um caminhão equipado para participar de vaquejadas". Ele
também possui duas lanchas Jet Boat de nomes "Viver a vida" e
"Speedster". Numa postagem, ele comemorava a Evoque: "Presente
do papai."
A juíza Amanda Torres de Lucena
Diniz Araújo, da 4ª Vara Federal, sequestrou os bens dos cinco investigados e
de mais dezessete empresas envolvidas no esquema de lavagem de dinheiro. Ela
determinou que o Banco Central bloqueie até 8,5 milhões de reais encontrados em
contas bancárias e aplicações de cada. Os valores serão usados para reparação
dos crimes e pagamento de multa.
Segundo levantamento da PF, os
cinco líderes da organização movimentaram para si mesmos 42,6 milhões de reais
em contas de laranjas e empresas de fachada. João Lyra recebeu 3,6 milhões de
reais; Eduardo Ventola, 7,6 milhões de reais; Apolo Santana Vieira 4,2 milhões
de reais; Tuta Rosal, 2,5 milhões de reais; e o morto Paulo Morato, 24,5
milhões de reais.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentario.
Fique sempre ligado do que acontece em nossa cidade!