Preso na
operação Custo Brasil, o ex-ministro Paulo Bernardo
chega à sede da Polícia Federal, em São Paulo
(SP)
(Eduardo Knapp/Folhapress |
Decisão foi tomada após a oitiva
de Guilherme Gonçalves, que seria o operador do ex-ministro no esquema que
desviou cerca de R$ 100 mi de contrato do Ministério do Planejamento
Alvo da Operação Custo Brasil, o
advogado Guilherme Gonçalves, que foi preso ontem após voltar de uma viagem a
Portugal, foi ouvido na tarde desta segunda-feira na 6ª Vara Federal Criminal
de São Paulo. A oitiva de Gonçalves pelo juiz federal Paulo Bueno de Azevedo
começou às 14h30 e terminou por volta das 15h30. Depois da audiência do
advogado, o juiz decidiu manter presas todas as pessoas detidas na operação,
incluindo o ex-ministro dos governos Lula e Dilma Rousseff Paulo
Bernardo, o ex-secretário de Gestão do prefeito paulistano Fernando Haddad
(PT) Valter Correia e o ex-tesoureiro do PT Paulo
Ferreira, que se entregou à Justiça na sexta-feira.
"A decisão do juiz da 6ª Vara
Criminal foi de que os motivos da prisão preventiva permanecem", disse o
procurador da República Rodrigo de Grandis. Os dez presos pela Custo Brasil,
deflagrada na quinta-feira passada, são acusados de participação no esquema de
corrupção que desviou cerca de 100 milhões de reais em um contrato de gestão de
empréstimos consignados do Ministério do Planejamento durante a gestão de
"PB", como Bernardo é conhecido, entre 2005 e 2011.
Segundo o procurador, os presos
continuarão detidos na sede da Superintendência da Polícia Federal na Lapa,
Zona Oeste de São Paulo, onde deverão ser ouvidos até o fim desta semana. De
Grandis acrescentou que o Ministério Público tem "vários elementos"
para acusar os investigados. "Não só colaborações premiadas, mas elementos
documentais, provas técnicas e e-mails", afirmou.
O ex-vereador do PT Alexandre
Romano, conhecido como Chambinho, foi o delator do esquema implantado na
pasta para rechear os bolsos de Paulo Bernardo e irrigar o caixa dois
de campanhas petistas, como as da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), mulher
do ex-ministro. Chambinho listou em seus depoimentos de colaboração à Justiça
como petistas das mais diversas matizes embolsaram dinheiro e receberam
benesses a partir de favores políticos e desvio de recursos em estatais.
Após a audiência de Gonçalves, seu
advogado, Rodrigo Sánchez Rios, disse que seu cliente sempre agiu de forma
transparente e que hoje falou ao juiz "sobre a origem dos contratos e os
trabalhos que ele prestou para a Consist durante cinco anos". A Consist é
a empresa apontada como responsável pela gestão fraudulenta do esquema de
crédito consignado montado no Ministério do Planejamento. "Em nenhum
momento, pela perícia que apresentamos, há uma retirada de dinheiro vultoso do
escritório destinado a algum servidor público", disse Rios.
O advogado de Guilherme Gonçalves
informou que amanhã deverá apresentar ao juiz um pedido de soltura junto de
contratos entre o escritório de Gonçalves e a Consist. "A defesa insiste
que isso [a prisão] é desproporcional e desnecessário. Não há nenhum dado que
prove que, eventualmente, esse valor recebido por um advogado tenha sido
repassado para um servidor público."
(com Agência Brasil)
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