Paulo
Bernardo e Gleisi Hoffmann
(Rodolfo
Buhrer/La Imagem/Fotoarena/Folhapress)
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Senadora petista afirmou que há um
“carnaval midiático” e disse que o ex-ministro vai provar sua inocência
Quatro dias após a prisão do
ex-ministro Paulo Bernardo, alvo principal da Operação Custo Brasil, a senadora
Gleisi Hoffmann (PT-PR), mulher do petista, atacou o Ministério Público e o
Poder Judiciário e, em discurso no plenário do Senado nesta segunda-feira,
disse que a detenção do marido é um exemplo de "tortura da era
moderna". De volta ao Congresso, depois de submergir com a prisão de
Bernardo, Gleisi criticou o que chamou de "carnaval midiático" e
afirmou que o ex-ministro vai provar sua inocência.
Paulo Bernardo foi alvo do
primeiro desdobramento da Operação Lava Jato em São Paulo e está envolvido,
segundo o MP, no desvio de milhões de reais em contratos de prestação de serviços
de informática no Ministério do Planejamento. O ex-vereador petista Alexandre
Romano é o pivô da Operação Custo Brasil e o principal delator contra o casal
Gleisi-Paulo Bernardo. Conhecido como Chambinho, era ele o responsável por
gerenciar a propina oriunda de um contrato milionário da empresa de informática
Consist no Ministério do Planejamento. O negócio rendeu comissões da ordem de
100 milhões de reais, dinheiro que, segundo a Polícia Federal, era dividido
entre o PT e pessoas ligadas ao partido que haviam facilitado a celebração do
contrato (a Paulo Bernardo, sustentam os investigadores, foram destinados 7
milhões de reais).
Em discurso no plenário do Senado,
Gleisi Hoffmann fez um histórico de sua carreira política e dos 26 anos de vida
partidária, disse que não havia motivos para prender o marido, já que ele tem
endereço conhecido, e criticou o fato de seus advogados não terem conhecimento
do teor das delações premiadas que os citam como beneficiários de dinheiro
sujo.
"Nem em pesadelos eu teria
sido capaz de supor que estaria aqui, nesta tribuna, para defender o meu
marido. Prisão injusta, ilegal, sem fatos, sem prova, sem processo. Aqui estou
para apontar uma injustiça sentida na própria pele, o que aflige diariamente
milhares de pessoas, homens e mulheres atingidos pelo abuso do poder legal e
policial. A prisão de Paulo Bernardo foi um despropósito do princípio ao fim.
Prisão preventiva? Prevenir o quê? Qual risco oferecia meu companheiro à ordem
pública, à instrução processual, à aplicação da lei?", questionou.
A senadora voltou a vincular a
prisão a uma suposta tentativa de influenciar o processo de impeachment que
tramita contra a presidente afastada Dilma Rousseff e disse que a detenção do
ex-ministro e os mandados de busca e apreensão em endereços dele são
"gasto de dinheiro público desnecessário". "Sei das suas
virtudes e dos seus defeitos e sei sobretudo o que não faria. Não faria uso do
dinheiro alheio para benefício próprio, não admitiria desvio de recursos
públicos para sua satisfação ou da família. Tenho certeza que não participou ou
se beneficiou de um esquema, como estão acusando. Ele sabe que eu não o
perdoaria, que sua mãe não o perdoaria", disse.
"A operação montada para
busca e apreensão na nossa casa e para a prisão do Paulo foi surreal. Até
helicópteros foram utilizados, força policial armada, muitos carros. Para que
isso? Chamar atenção? Demonstração de força? Humilhação? Gasto de dinheiro
público desnecessário, é isso. Foi uma clara tentativa de humilhar um
ex-ministro nos governos Lula e Dilma. O que vemos é a mesma e repetida
seletividade que vem marcando decisões do Ministério Público e de juízes que promovem
carnavais midiáticos contra alguns políticos ao mesmo tempo em que protegem e
retardam a decisão de outros sobre os quais há provas mais do que suficientes
para uma ação contundente e definitiva", continuou a senadora.
Apoiada por parlamentares alinhados
à Dilma, Gleisi Hoffmann disse ainda que a transmissão da prisão de Paulo
Bernardo por emissoras de TV são um "terror". "O terror
continuaria ainda durante boa parte sendo levado de aeroporto em aeroporto,
sempre com a presença de câmeras de TV para transmitir ao vivo sua humilhação,
a nossa impotência contra a violência, a nossa incapacidade de reação perante
decisões meticulosamente anunciadas com o propósito prioritário de proporcionar
espetáculo midiático sem confirmação de provas ou indícios concretos que
deveriam constar nos autos. Ao longo do dia inteiro eu e meus filhos fomos
submetidos a uma outra tortura, tortura da era moderna: a transmissão ao vivo
da prisão de uma pessoa querida contra a qual não há prova de transgressão. A
tortura atualmente é prender antes, sem provas e só soltar se ela falar algo do
interesse dos investigadores", declarou.
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