A presidente
da República afastada, Dilma Rousseff
(Evaristo
Sá/AFP)
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Laboratório Cristália doou 5,2
milhões de reais a candidatos e partidos nas duas últimas eleições nacionais.
PSDB recebeu 1,5 milhão de reais da empresa em 2014
Uma das empresas citadas nas
investigações da Operação Boca Livre, que apura fraudes na captação de recursos
para projetos culturais via Lei Rouanet, o Laboratório Cristália doou 5,2 milhões
de reais a partidos políticos e candidatos a presidente e a deputado federal,
estadual e distrital, nas eleições de 2010 e 2014.
A presidente afastada Dilma
Rousseff foi a candidata que mais recebeu recursos do laboratório investigado
no esquema que desviou cerca de 180 milhões de reais da lei destinada a
incentivar a cultura nacional por meio de incentivos fiscais. A campanha da
petista recebeu 2 milhões de reais nas eleições de 2014 da Cristália Produtos
Químicos e Farmacêuticos Ltda.
O valor destinado ao caixa de
Dilma corresponde a 46% dos 4,3 milhões de reais doados pelo laboratório a
campanhas políticas em 2014. Além da petista, o único candidato a receber
dinheiro da empresa em 2014 foi o ex-deputado federal Newton Lima (PT-SP), com
75.000 reais. O restante das doações foi rateado entre diretórios nacionais e
regionais de PSDB (1,5 milhão de reais), PT (500.000 reais), PCdoB, (110.000
reais), PSC (90.000 reais) e PMDB (50.000 reais).
Quatro anos antes, em 2010, o
Cristália já havia distribuído 900.000 reais entre candidatos e partidos. O
ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Barros Munhoz (PSDB), que
recentemente teve o mandato cassado pela Justiça, foi o preferido do
laboratório: recebeu 300.000 reais em doações de campanha.
A seguir aparecem o deputado
federal e ex-ministro da Saúde Saraiva Felipe (PMDB-MG), com 80.000 reais;
Newton Lima, com 70.000 reais; e Vivaldo Barbosa (PSB-RJ), com 20.000 reais.
Foram agraciados com 10.000 reais cada um Apolinário Rabelo (PCdoB-DF), Augusto
Carvalho (SD-DF) e Roberto Eduardo Giffoni (DEM-DF), este réu no mensalão do
DEM no Distrito Federal.
Entre os partidos, o PSDB recebeu
naquela eleição 250.000 reais em doações eleitorais da empresa alvo da Boca
Livre; o PT levou 150.000 reais.
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Boca Livre - Segundo
os investigadores da operação deflagrada na manhã desta terça-feira, as
empresas que patrocinavam os projetos fraudados da Lei Rouanet se beneficiavam
duas vezes do esquema: pela parcela do superfaturamento que era repassada a
elas e também por meio da dedução do imposto de renda, conforme prevê a lei.
Além disso, em alguns casos, a Controladoria-Geral da União (CGU), que atuou em
parceria com a Polícia Federal nas investigações, identificou o pagamento de
propina de 30% dos valores captados junto ao Ministério da Cultura, que seriam
pagos por esse grupo de produtores culturais às empresas patrocinadoras.
Além do Ministério da Cultura e do
Cristália, as investigações citam as empresas Bellini Eventos Culturais,
Scania, KPMG, o escritório de advocacia Demarest, Roldão, Intermedica Notre
Dame, Lojas 100, Nycomed Produtos Farmacêuticos e Cecil. O casamento do filho
do empresário Antonio Carlos Bellini Amorim, do Grupo Bellini, em Jurerê
Internacional, em 25 de maio deste ano, seria um dos eventos bancados com
verbas da Lei Rouanet. Em dois vídeos sobre o evento, divulgados em redes
sociais, um no dia anterior ao casamento e outro na cerimônia, é possível ver
os convidados com taças de bebidas.
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