O
ex-presidente da OAS, Leo Pinheiro(Beto Barata/VEJA)
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Ex-presidente da OAS, empreiteiro
foi condenado a 16 anos de prisão pelo juiz Sergio Moro e negocia acordo de
delação premiada com o Ministério Público Federal
A Operação Lava Jato apreendeu na
casa de um funcionário da OAS uma agenda com o registro das reuniões, almoços e
jantares com políticos do presidente da empreiteira, José Aldemário Pinheiro,
conhecido como Léo Pinheiro, logo após a deflagração da Operação Lava Jato. São
encontros, a maior parte deles em hotéis de Brasília, com o ex-presidente Lula,
os ex-ministros José Dirceu e Gilberto Carvalho e o ex-assessor do ex-ministro
Antonio Palocci, Charles Capela de Abreu. Conforme revelou VEJA em setembro de 2015, "Dr.
Charles" foi citado na delação premiada do lobista Fernando Baiano como
intermediário de um repasse de 2 milhões de reais desviados de contratos da
Petrobras à campanha da presidente afastada Dilma Rousseff em 2010. O acordo
para repassar o dinheiro foi fechado no comitê eleitoral de Dilma em Brasília
depois de uma reunião entre Baiano, Paulo Roberto Costa e Palocci.
A agenda com os registros dos
encontros foi encontrada em 14 de abril, nas buscas que tinham como alvo o
funcionário da OAS Marcos Paulo Ramalho, secretário de Léo Pinheiro. Nas
anotações, há registros ainda de encontros com parlamentares como Rodrigo Maia
(DEM-RJ) e Jutahy Magalhães (PSDB-BA), alvos de pedidos de investigação do
procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Listado pela Polícia Federal entre
os itens recolhidos nas buscas da Operação Vitória de Pirro - em que Léo
Pinheiro é acusado de se associar ao ex-senador Gim Argello para comprar
parlamentares da CPI das Petrobras, em 2014, o caderno preto com o nome da OAS
em relevo na capa guarda ainda os registros de encontros com outros políticos,
como os deputados Onix Lorenzoni (DEM-RS), Índio da Costa (PSD-RJ) e o
presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que concorreu ao governo de São Paulo pelo
PMDB em 2014.
Preso em 14 de novembro do ano
passado, na 7ª fase da Lava Jato, a Juízo Final, e condenado pelo juiz federal
Sergio Moro a 16 anos de prisão, Léo Pinheiro negocia com a força-tarefa que
conduz as investigações da operação um acordo de delação premiada. Sua rotina
de encontros com políticos poderosos faz parte dos itens que o Ministério
Público Federal quer que o empresário detalhe.
As anotações do secretário de Léo
Pinheiro surgiram após ele ser mandado para casa para cumprir prisão
domiciliar, por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). Alguns dos nomes
registrados são alvos de inquéritos ou pedidos de investigação feitos pela PGR.
Na mesma agenda estão os encontros
de Léo Pinheiro, a maioria entre abril e maio de 2014, com outros presos na
Lava Jato, como o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o lobista Julio Gerin
Camargo, um dos primeiros delatores a firmar acordo de colaboração com o MPF.
Ele confessou ter atuado em parceria com Léo Pinheiro para blindar empreiteiras
na CPI da Petrobras.
Outro nome que aparece na agenda
de reuniões de Léo Pinheiro é o ex-deputado federal do PSB Alfredo Sirkis (RJ),
um dos principais articuladores das campanhas de Marina Silva à presidência da
República, em 2010 e 2014.
Procurado por meio da assessoria
de imprensa do Instituto Lula, o ex-presidente Lula não comentou o caso. O
ex-ministro Gilberto Carvalho disse que "nunca se reuniu com o senhor Léo
Pinheiro".
Jutahy afirmou que o encontro foi
agendado a seu pedido. "Esteve comigo, da mesma forma que esteve comigo em
2010 e 2012". O tucano afirma que, na ocasião, foi acertada contribuição
de 600.000 reais para sua campanha e para campanhas de deputados estaduais na
Bahia. Desse valor, apenas a primeira parcela, de 300.000 reais, foi paga, em
agosto.
Alfredo Sirkis não foi localizado
para comentar o caso.
(com Estadão Conteúdo)
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