Nos últimos dias, o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva foi sondado por líderes petistas e representantes do
governo sobre a possibilidade de ocupar uma vaga no Ministério da presidente
Dilma Rousseff. Até agora, no entanto, ele tem se mostrado refratário à ideia,
dizendo que prefere passar os próximos meses viajando pelo Brasil para fazer a
“defesa da democracia” e de uma agenda nacional de educação.
Segundo aliados, o caminho natural
de Lula seria o Ministério das Relações Exteriores. Integrantes do governo, no
entanto, também citam as pastas da Defesa e da Casa Civil entre as
possibilidades.
Pelo menos dois ministros do
governo Dilma, além de parlamentares e dirigentes petistas, sondaram Lula nos
últimos dias. O titular da Defesa, Jaques Wagner, foi um dos que conversaram
ontem com o ex-presidente sobre o assunto.
A pressão mais forte vem de
setores do PT, em especial a bancada do partido na Câmara, que vê em Lula um
reforço de peso na articulação política do governo. Para tentar convencê-lo,
argumentam que no Ministério o petista passaria a ter direito à prerrogativa de
foro na Justiça e sairia do raio de ação da Operação Lava Jato.
Embora os integrantes da
força-tarefa afirmem que o ex-presidente não é nem sequer investigado, aliados
avaliam que Lula é o alvo real da operação e deve se proteger.
Pessoas próximas ao petista dizem
que ocupar uma pasta “é a última coisa que ele quer neste momento” e ressaltam
que até agora Dilma não manifestou abertamente o desejo de tê-lo no Ministério.
Pessoas contrárias à ideia alegam
que uma nomeação de Lula decretaria o fim do governo Dilma, já que o
ex-presidente é quem exerceria o poder.
Abraço
Nesta sexta, cerca de 400 pessoas
foram até a sede do Instituto Lula, no bairro do Ipiranga, em São Paulo, para
um ato em solidariedade ao ex-presidente. Na semana passada, o local foi alvo
de uma bomba caseira. O caso foi tratado pelo PT como um “ataque
político”.
Entre os participantes estavam os
ministros da Comunicação Social, Edinho Silva, da Casa Civil, Aloizio
Mercadante, e Jaques Wagner, além de dirigentes petistas, sindicalistas, lideranças
de movimentos sociais, ex-colaboradores, parentes e admiradores em geral.
Em clima de festa, eles entoaram
gritos como “pode tremer, aqui é a infantaria do PT” e deram um abraço
simbólico no instituto. “A oposição irresponsável tem alimentado estes grupos
fascistoides”, disse o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).
Enquanto o ato ainda ocorria, Lula
fez duas reuniões políticas. Uma com Wagner, o preferido de Lula para ocupar a
Casa Civil numa possível reforma ministerial, e outra com Edinho e Mercadante,
que deixou o local irritado e evitando a imprensa.
Líderes petistas se mostraram
refratários à possibilidade de o partido perder espaço no governo para o PMDB.
“O PT já tem muito pouco espaço no Ministério”, disse o prefeito de São
Bernardo, Luiz Marinho.
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