Ministros e
líderes partidários chegam ao palácio da Alvorada
para reunião com a Presidente Dilma Rousseff
André Coelho
/ Agência O Globo
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Nas pouco mais de duas horas que
durou o churrasco oferecido aos líderes e presidentes de partidos no Palácio da
Alvorada, a presidente Dilma Rousseff não disse uma palavra sobre a prisão do
ex-ministro José Dirceu na 17ª fase da operação Lava-jato, mas o assunto
dominou as conversas de ministros, deputados e senadores. O clima descrito
pelos presentes era de muita preocupação com o desfecho político das investigações
e o consenso foi que o alvo final é o ex-presidente Lula. Dilma disse que não
tem medo e que ninguém deve temer o que vem pela frente.
Apesar de não citar
especificamente a prisão de Dirceu e a imprevisibilidade da operação Lava-jato,
a presidente Dilma frisou em seu discurso a necessidade de preservação das
instituições. Mais uma vez, disse não temer que as denúncias de corrupção abalem
seu mandato.
— Na crise política, as
instituições devem ser preservadas. Devemos fazer nossa travessia sem medo. Eu
não tenho medo. Eu aguento pressão , eu percebo o que está acontecendo, ouço
para mudar e melhorar — discursou a presidente no encerramento do churrasco.
O ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo, foi um dos primeiros a sair do jantar. Segundo os presentes,
nas mesas, o assunto era um só: a prisão de José Dirceu e onde a Operação
Lava-jato vai parar. Alguns, entretanto, fizeram piada.
— O consenso nas rodinhas era de
que, já que vai prender todo mundo, que prenda logo de uma vez só e acaba com
isso. A piada lá era: não é lava-jato, é lava lento e vaza rápido as delações.
A operação é lenta, mas os vazamentos vêm a jato. Havia uma preocupação geral
de que a operação tem um único objetivo, que é prender o ex-presidente Lula —
contou um dos senadores presentes.
Dilma circulou pelas mesas e
tentou centrar as conversas na necessidade da base brigar pela manutenção do
ajuste fiscal nas votações da chamada pauta bomba na volta do recesso. No
discurso disse que nenhum país no mundo sobrevive sem equilíbrio fiscal, que a
prioridade é construir a estabilidade fiscal e financeira, sem a indexação de
aumentos vinculados a inflação.
— Não podemos indexar a Economia.
As condições de ontem não se repetirão hoje. Não teremos outra oportunidade com
as commodities. Mas podemos aproveitar a crise para fazer mudanças — argumentou
a presidente, na presença do ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
A presidente Dilma também pediu
que os aliados enfrentem as pautas difíceis que serão colocadas na volta do
recesso, com “altivez”.
— Da estabilidade fiscal eu não
arredo o pé. Não quero que votem como carneirinhos mas, como uma base corajosa
em nome e para o Brasil — apelou Dilma.
Dilma fez um discurso otimista.
Prometeu buscar o diálogo com todas as forças políticas e com o setor
produtivo. E para animar a base, fez promessas grandiosas.
— A presidente disse que dentro de
dois meses vai entregar os primeiros 39 quilômetros da transposição do Rio São
Francisco. E até 2016 vai entregar a obra toda, concluída. Isso é uma notícia
maravilhosa para o meu Nordeste. Também anunciou que logo estará fazendo as
concessões na área de infraestrutura para dividir a crise com o setor privado —
comemorou o líder do PP, senador Benedito de Lira (AL).
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