Quebra de
sigilo do e-mail de Julio Cesar dos Santos, que foi sócio minoritário da JD
Consultoria até 2013, revela que o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil/Governo
Lula) contava com apoio de petistas na Assembleia Legislativa de São Paulo para
levantar informações sobre pessoas ligadas ao PSDB e estava interessado, em
2010, na relação do advogado Luiz Antonio Tavolaro com o ex-diretor da Dersa
Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto.
"Falem
comigo sobre o cidadão (Luiz Antonio Tavolaro), pelo visto encobre para o Paulo
Preto imóveis em São Paulo e Ilhabela, ligado ao Mendes Thame (em referência ao
deputado federal Antônio Carlos Mendes Thame, do PSDB) e ao Aloysio Nunes
Ferreira (senador do PSDB)", disse o ex-ministro em mensagem encaminhada
para Julio Cesar e Roberto Marques, o Bob, braço-direito de Dirceu.
A mensagem
foi enviada em novembro de 2010, um mês após Dilma Rousseff ser eleita
presidente da República vencendo o candidato tucano José Serra no segundo
turno.
VEJA O
E-MAIL EM QUE DIRCEU CITA OS TUCANOS:
No e-mail,
Dirceu ainda encaminha um texto de Antonio Lucas Buzato, assessor da liderança
do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo até maio deste ano, descrevendo
quem é Luiz Antonio Tavolaro.
Tavolaro atuou
como diretor jurídico da Dersa entre 2003 e 2007 e na época do e-mail era
procurador-geral da prefeitura de São José do Rio Preto.
"Informação
do nosso povo em Rio Preto: A administração da prefeitura de Rio Preto é
comandada pelo prefeito Waldomiro Lopes, pela Secretária de Finanças e pelo
Procurador Geral do Município, ambos indicados pelo PSDB. São essas que para o
bem e para o mal controlam todos atos administrativos do município", diz o
texto de Buzato repassado por Dirceu.
Ao final do
texto, Buzato afirma ainda que pode "fazer um trabalho mais aprofundado
sobre esse assunto, inclusive contando com os nossos meninos da assessoria
técnica da nossa bancada na Alesp".
Durante as
eleições presidenciais daquele ano o PT utilizou o nome de Paulo Preto contra
José Serra.
A própria
Dilma Rousseff, em um debate na televisão, citou o ex-diretor e, citando uma
reportagem da revista Istoé, afirmou que ele teria arrecadado e se apropriado
de R$ 4 milhões supostamente doados por apoiadores de Serra na época.
Além disso,
a bancada do PT na Câmara acionou o Ministério Público para investigar Paulo
Preto. Naquele ano, o senador Aloysio Nunes admitiu que era amigo de Paulo
Preto, mas rechaçou as acusações do PT sobre os R$ 4 milhões.
O senador
José Serra sempre negou o episódio.
Paulo Preto
também sempre rechaçou as acusações contra ele.
A quebra do
sigilo do e-mails consta de relatório da Polícia Federal encaminhado ao juiz
Sérgio Moro para pedir a prorrogação da prisão temporária de cinco investigados
na 17ª fase da Lava Jato, incluindo Julio Cesar. O pedido foi acatado pelo juiz
Sérgio Moro nesta sexta-feira.
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