A Polícia
Federal do Paraná (PF) dará início à terceira fase de depoimentos dos presos na
sétima etapa da Operação Lava Jato nesta segunda-feira (17). A expectativa é de
que o grupo seja ouvido a partir das 9h. Ao todo, 23 pessoas estão presas na
Superintendência de Curitiba, sendo 17 em prisão temporária (com prazo de cinco
dias) e seis, na preventiva (sem prazo de liberação previsto). No início da
manhã, a assessoria da corporação não informou quantos presos serão ouvidos.
Esta última etapa da operação foi deflagrada na madrugada de sexta-feira (14).
A Lava Jato foi deflagrada pela PF em março deste ano e desde então investiga
um esquema bilionário de lavagem de dinheiro.
De acordo com a
assessoria da Polícia Federal, a expectativa é que todos os depoimentos sejam
colhidos até terça-feira (18). Segundo o presidente da Ordem dos Advogados do
Brasil no Paraná (OAB-PR), Juliano Breda – responsável pela defesa de três
presos ligados à OAS –, os responsáveis pela defesa receberam cronograma com a ordem
dos depoimentos.
Além dos 23
presos (veja a lista com os nomes), Fernando Soares, conhecido como “Fernando
Baiano”, e Adarico Negromonte Filho, irmão do ex-ministro das Cidades Mário
Negromonte (PP-BA), estão foragidos. Eles não se entregaram à Polícia Federal,
apesar de terem tido os mandados de prisão temporária expedidos pelo juiz
federal Sérgio Moro, responsável pelo processo da Lava Jato na primeira
instância.
O domingo (16)
foi movimentado na sede da PF em Curitiba. Diversos advogados estiveram no
prédio da superintendência e levaram alimentos, casacos e medicamentos. Além
disso, parte dos presos foi levada ao Instituto Médico-Legal (IML) da capital
paranaense e submetida a exame de corpo de delito.
O ex-diretor de
Serviços da Petrobras Renato Duque e os presidentes das construtoras UTC,
Ricardo Pessoa, e OAS, José Aldemário Pinheiro Filho, são alguns dos presos que
foram fazer a perícia. O micro-ônibus e a van que transportaram os suspeitos ao
IML foram escoltados por viaturas do Batalhão de Operações Policiais Especiais
(Bope) e da PF.
Lava Jato
A operação
investiga um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado cerca de R$
10 bilhões e provocou desvio de recursos da Petrobras, segundo investigações da
Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Na primeira fase da operação,
deflagrada em março deste ano, foram presos, entre outras pessoas, o doleiro
Alberto Youssef e o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo
Roberto Costa.
A nova fase da
operação policial teve como foco executivos e funcionários de nove grandes
empreiteiras que mantêm contratos com a Petrobras que somam R$ 59 bilhões.
Parte desses contratos está sob investigação da Receita Federal, do MPF e da
Polícia Federal. Ao todo, foram expedidos, nesta sétima etapa, 85 mandados em
municípios do Paraná, de Minas Gerais, de São Paulo, do Rio de Janeiro, de
Pernambuco e do Distrito Federal.
Conforme
balanço divulgado pela PF, além das 23 prisões, foram cumpridos 49 mandados de
busca e apreensão. Também foram expedidos nove mandados de condução coercitiva
(quando a pessoa é obrigada a ir à polícia prestar depoimento), mas os
policiais conseguiram cumprir seis.
Na denúncia do
Ministério Público Federal (MPF) que embasou as novas prisões da Operação Lava
Jato, os procuradores da República detalham depoimentos de dois delatores que
afirmam ter pago, ao menos, R$ 154 milhões em propina a pessoas apontadas como
operadores do PT e do PMDB dentro da Petrobras. O suborno foi usado para
garantir que grandes empreiteiras do país executassem obras bilionárias em,
pelo menos, seis projetos da estatal do petróleo.
As informações
repassadas pelo MPF à Justiça Federal do Paraná foram relatadas pelos
executivos Júlio Camargo e Augusto Ribeiro, da Toyo Setal. Eles fizeram acordo
de delação premiada para tentar garantir uma eventual redução de pena.
Os dois
delatores disseram que os pagamentos de propina tinham como destinatários o
ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, indicado pelo PT para o cargo
de alto escalão, e o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano,
apontado como operador da cota do PMDB no esquema de corrupção que tinha
tentáculos na petroleira.
‘Mudar o Brasil’
Após participar
da Cúpula do G20 na Austrália, a presidente Dilma Rousseff comentou pela
primeira vez as prisões na nova etapa da Operação Lava Jato no domingo. Em
Brisbane, onde participou das reuniões do grupo que reúne as 20 principais
economias do mundo, Dilma afirmou que as investigações podem “mudar o Brasil
para sempre".
"Eu acho
que isso [investigações da Lava Jato] pode mudar, de fato, o Brasil para
sempre. Em que sentido? No sentido de que vai se acabar com a impunidade. Nem
todos, aliás, a maioria absoluta dos membros da Petrobras, os funcionários, não
é corrupta. Agora, têm pessoas que praticaram atos de corrupção dentro da
Petrobras", disse a presidente da República.
Durante a
entrevista, Dilma ressaltou que, na visão dela, é necessário tomar cuidado para
não "condenar" a Petrobras pelos atos de corrupção cometidos por
alguns funcionários da estatal. A presidente destacou ainda que o fato de a
Lava Jato ter colocado atrás das grades "corruptos e corruptores" é
uma questão "simbólica" para o país.
Fonte: G1

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