José Carlos Cosenza é o atual diretor de Refino e
Abastecimento de estatal.
Oposição quer convocar o tesoureiro nacional do PT, João
Vaccari Neto.
A CPI mista que investiga denúncias de irregularidades na
Petrobras colherá nesta quarta-feira (22), às 14h30, depoimento do atual
diretor de Refino e Abastecimento da estatal, José Carlos Cosenza. Ele sucedeu
no cargo Paulo Roberto Costa, que foi preso pela Polícia Federal (PF) sob
suspeita de integrar suposto esquema de superfaturamento e lavagem de dinheiro
dentro da empresa.
Os integrantes da CPI mista querem explicações de Cosenza
sobre denúncias de que ele teria participado do suposto esquema. Como se trata
de uma convocação, o diretor é obrigado a comparecer. A assessoria da comissão
confirmou a presença do diretor na audiência desta tarde.
O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR) – autor do
requerimento de convocação - , afirmou que a presença do diretor poderá
"esclarecer os fatos obscuros que insistem em manchar a biografia da
Petrobras".
O deputado citou reportagem da revista Época de maio deste
ano, segundo a qual Paulo Roberto Costa, demitido em abril de 2012, manteve seu
suposto esquema de corrupção dentro da empresa por intermédio do seu sucessor.
Ainda conforme a publicação, ambos "despachavam sobre os assuntos
discutidos na cúpula da estatal", o que seria comprovado por e-mail,
planilhas e documentos encontrados pela Polícia Federal na casa de Costa.
Outras reportagens divulgadas pela imprensa e citadas por
Bueno em seu requerimento mostram que a Polícia Federal interceptou, em
setembro de 2013, troca de mensagens entre o doleiro Alberto Yousseff - preso
por suspeita de comandar esquema bilionário de lavagem de dinheiro - e o
deputado federal Luiz Argôlo (SD-BA) em que ambos mencionam o nome de José
Carlos Cosenza e planejam agendar uma audiência entre o diretor e o doleiro.
Paulo Roberto Costa foi convocado a prestar depoimento no
mês passado, mas se negou a contribuir com as investigações dos parlamentares e
permaneceu calado durante toda a sessão. Costa assinou acordo de delação
premiada pelo qual contou a policiais federais e procuradores da República
detalhes sobre um suposto esquema de corrupção na Petrobras e apontou os
envolvidos. Após o ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki aprovar
o acordo de delação premiada, Costa passou a cumprir prisão domiciliar.
Outras convocações
Deputados e senadores da oposição pretendem colocar em
votação, durante a reunião desta quarta-feira, requerimentos de convocação do
tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, e do ex-diretor da Petrobras
Renato Duque.
Para que os pedidos sejam analisados, porém, será necessária
presença de no mínimo 17 dos 32 parlamentares que compõe a CPI. O Congresso
Nacional está em “recesso branco” devido ao período eleitoral, por isso a
comissão tem tido dificuldade de reunir quórum mínimo.
A oposição passou a cobrar a ida de Vaccari e Duque à CPI
mista na semana passada, depois que Youssef e Costa detalharam à Justiça do
Paraná o funcionamento de um suposto esquema de pagamento de propina do qual
partidos governistas como PT, PMDB e PP teriam se beneficiado. As legendas negam
envolvimento.
Vaccari é apontado por Costa e Youssef como operador da
propina paga ao PT. Entre 2003 e 2012, Duque foi diretor de Serviços da
Petrobras, área responsável por obras suspeitas de irregularidades.
Yousseff
Apesar da pressão feita pela oposição para que o doleiro
Alberto Yousseff fosse ouvido nesta quarta-feira, o depoimento poderá ficar
para depois das eleições, no dia 29 de outubro.
O requerimento de convocação do delator já foi aprovado, mas
a data da oitiva ainda não foi marcada pelo presidente Vital do Rêgo, que
deverá ser cobrado pela oposição na sessão desta tarde.
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