Afastamento foi decidido por nove votos a zero; prazo pode
ser prorrogado.
Também foi aprovada indicação pedindo a expulsão de deputada
do PSOL.
Por nove votos a zero, a Executiva do PSOL no estado do Rio
afastou por 30 dias a deputada estadual Janira Rocha do partido nesta
terça-feira (26). O afastamento, que pode ser prorrogado por tempo
indeterminado, foi decidido durante a primeira reunião da Nova Executida da Legenda.
Na mesma reunião, também foi aprovada uma indicação pedindo
a expulsão de Janira do PSOL. A decisão cabe à Comissão Nacional de Ética da
legenda. A deputada responde a processo no Conselho por suspeita de ficar com
parte do salário dos assessores, na prática conhecida como cotização.
“Três meses atrás surgiram as denúncias contra a deputada.
Logo depois ela entrou em licença médica por conta de uma cirurgia. Finfada a
licença médica, nós nos posicionamos. Por um lado, reconhecemos as
contribuições políticas da deputada na luta com os trabalhadores, mas
identificamos uma diferença de concepção política cada vez maior. Na nossa
compreensão, o grupo político da deputada incorreu em grandes erros”, disse
Rogério Alimandro, presidente estadual do PSOL.
Além disso, Janira Rocha é suspeita de usar verba de um
sindicato para campanha eleitoral, o que é proibido. Em depoimento à
corregedoria da Assembleia Legislativa (Alerj), onde é investigada por quebra
de decoro, a deputada negou as acusações.
"A cotização, como é entendida aí fora, que é um tipo
de crime, onde há compulsoriedade, uso do dinheiro público, e coação para
doações para o partido, não existia. O que existia era uma colaboração
voluntária de militantes no MTL, que é uma corrente do PSOL, para a manutenção
do partido", explicou Janira.
O Conselho de Ética da Alerj apura denúncias de que a
deputada teria sido favorecida por um esquema de caixa 2 em sua campanha
eleitoral de 2010. Os recursos teriam sido desviados do Sindisprev/RJ da qual
havia já foi diretora financeira.
Janira afirmou que não há provas formais e materiais de que
havia obrigatoriedade para a colaboração. Em relação ao áudio gravado com sua
voz, em que ela teria dito que "a prática não era legal lá fora", a
deputada disse que tudo foi extraído de uma conversa pública em meio a um
debate, e não de forma secreta.
"Se você faz parte de uma igreja, você vai pagar
dízimo. Se você é de um movimento, você também vai pagar uma contribuição. Só
que no movimento é diferente, ninguém vai te obrigar. No MTL, que é o movimento
social que algumas dessas pessoas pertenciam junto comigo, nós pagávamos a
contribuição eventualmente. Eu, por exemplo, pago todo mês", comentou.
A deputada disse estar confiante na apuração das denúncias e
não acredita que vai perder o mandato. Ela atribui a repercussão do caso à
oposição política que enfrenta dentro da casa.
"Eu sempre tive uma posição política clara de oposição
ao governo do estado, sempre tive um posicionamento muito firme dentro da casa
e atribuo essa repercussão mais à vontade de me quebrar politicamente, do que
efetivamente provas dentro desse processo", disse Janira.
Janira foi umas 13 pessoas ouvidas até então pela Corregedoria
da Alerj, que investiga o caso. As denúncias de irregularidades na gestão da
deputada estadual começaram depois que dois dos seus assessores, Marcos Paulo
Alves e Cristiano Valadão, foram presos tentando negociar um dossiê com
informações sobre ela para a deputada do Cidinha Campos (PDT). Cidinha recebeu
os assessores no seu gabinete e chamou a polícia.
A deputada disse que não teve medo da chantagem sofrida
pelos seus assessores e que está de consciência tranquila. "Fui até
aconselhada por pessoas do partido a me curvar para pagar R$ 20 mil para que o
dossiê não fosse liberado, só para evitar escândalos. Mas não aceitei porque
tenho confiança de que não estou envolvida em nenhuma maracutaia",
garantiu Janira.
Uso de dinheiro do Sindisprev
Janira também responde ao Ministério Público por um suposto
crime eleitoral, mas isso não foi pauta da investigação da Alerj. Segundo
denúncias, Janira utilizaria dinheiro do Sindisprev, o sindicado dos
previdenciarios do Rio, para custear campanhas eleitorais do PSOL, partido que
ela presidia. A deputada negou que houvesse dinheiro envolvido, afirmou apenas
que havia apoio político do sindicato, mas questionou essa dinâmica.
"O que existe na verdade é que nós somos militantes de
um movimento social que tem várias instâncias de atuação e que em determinado
momento essas instâncias acabam se juntando. Dizer que o sindicato tirou
dinheiro para dar para a construção do PSOL, não ocorreu. No calor do debate
político você fala as coisas, mas não que necessariamente houvesse dinheiro. Eu
quero dizer que politicamente eu acho um absurdo que uma empresa possa bancar
parlamentares e que um sindicato não possa. Acho um escândalo da lei
brasileira", disse ela, que afirmou que a militância do sindicato é a
mesma do PSOL.
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