Belezas do Parque Jurubatiba estão sob ameaça humana | Rio das Ostras Jornal

Belezas do Parque Jurubatiba estão sob ameaça humana

A biodiversidade do Parque é a principal riqueza deste
habitat, que precisa ser preservado.

A unidade de Conservação já conta com quatro ocupações irregulares nos três municípios de sua localização.

O Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba é considerada a Unidade de Conservação mais bem preservada do país. O ecossistema está presente nos municípios de Quissamã, Carapebus e Macaé por meio de diversas espécies da fauna, da flora e de lagoas costeiras. Santuários ecológicos utilizados para visitação de turistas e objetos de pesquisas para profissionais da ciência, entre eles pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 

No entanto, tanta beleza, tantos recursos naturais têm sofrido grande ameaça do próprio homem, em sua maioria pessoas sem instruções e que buscam no ecossistema o lugar para fazer a sua moradia. "De acordo com o analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), e chefe substituto do Parque, Marcos Cezar dos Santos, o Parna possui quatro ocupações em seu entorno (Lagomar, no município de Macaé, Praia de Carapebus, no respectivo município e na Praia de João Francisco e Praia do Visgueiro, na cidade de Quissamã) e estas áreas precisam de acompanhamento constante pois seu crescimento desordenado ameaça a Unidade. 

"O crescimento desordenado da quadra W30 no bairro Lagomar, em Macaé, tem se tornado uma das áreas mais ameaçadas, tanto pela possibilidade de contaminação de esgoto das lagoas, via lençol freático, quanto pelo Canal Campos-Macaé, desmatamentos que ocorrem em áreas que deveriam ser preservadas", destaca Marcos.

O profissional pontua ainda que o crescimento destas áreas tem de ser ordenado como estabelece a legislação vigente, caso contrário podem ocorrer danos diretos e indiretos à Unidade de Conservação. De acordo com ele, as construções no Lagomar, não pararam e saltaram de aproximadamente 150, em 2005, para cerca de 340, em 2011 e com isso, o próprio Parque entende que hoje se tornou inviável a retirada de todas as famílias que vivem ali e o ideal é que não sejam realizadas novas construções de casas irregulares no local.

E visando evitar que essas construções irregulares não continuem crescendo na área de amortecimento, uma operação conjunta, realizada em outubro resultou na retirada de construções no entorno do Parque, em Macaé. As casas em fase de acabamento, localizadas dentro da zona de amortecimento, foram demolidas. A ação foi realizada na região da quadra da W30, no Lagomar, pela equipe da Secretaria de Ambiente, coordenada pelo subsecretário do órgão, Fernando Barreto, acatando uma ação judicial do Ministério Público Federal e Estadual com o apoio da Guarda Ambiental, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Polícia Federal, Defesa Civil, Secretaria de Limpeza Pública, Procuradoria-Geral do Município (Progem), Polícia Militar, Gabinete de Gestão Integrada Municipal e da Câmara Permanente de Gestão (CPG). A medida teve o intuito de coibir a ocupação desordenada do local, que compromete todo o equilíbrio ecológico do parque. 

De acordo com o MPF de Campos, por meio do procurador Eduardo Oliveira, o bairro Lagomar, em seu início de loteamento irregular, contava com apenas 12 residências, em 2001, passando a algo em torno de 40.000 habitantes na presente data, tendo significado considerável prejuízo à biodiversidade e à preservação do PARNA Jurubatiba, e representando hoje enorme ameaça à sua integridade. 

Área de abrangência do Parna: Quissamã (65%), Carapebus (34%) e Macaé (1%). 

Fiscalização da área urbana é competência do Município 

O analista ambiental, Marcos dos Santos explica que a competência para a fiscalização destas áreas urbanas é municipal, e é fundamental que os três municípios que abrangem a área (por meio de suas guardas ambientais e secretarias de Ambiente, obras e Fiscalização de Posturas) cumpram sua obrigação constitucional de fiscalizar a ocupação irregular do solo urbano. 

"Caso contrário o Parque poderá ser afetado. Lembrando que desde sua criação o ICMBio não permitiu nenhuma invasão, com o apoio das instituições parceiras, na área federal, contudo seu entorno vem crescendo a cada dia, e estas construções devem seguir normas ambientais rígidas pois senão estas construções poderão lançar esgoto em suas lagoas, incentivar o desmatamento, alterar a paisagem  e aumentar a pressão pela utilização dos recursos naturais da unidade de conservação", diz o analista.

 Autor: Juliane Reis 

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