Seca prolongada e ilhas de calor podem ter influenciado calor em excesso.
Segundo meteorologistas, essa seca pode ter influenciado a elevação recorde das temperaturas na primavera.
Na última
quarta-feira (31), Belo Horizonte (MG) teve a maior máxima dos últimos cem
anos, com termômetros marcando 37,1ºC. No mesmo dia, a cidade de São Paulo
registrou 36,6 ºC, recorde em 2012 e o maior registro para a primavera desde
1940, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
“A seca que
acontece no Brasil desde o inverno influenciou no regime de chuvas, que ameniza
as temperaturas. No entanto, na região Sudeste não chove de forma intensa há
pelo menos quatro meses. No Nordeste, há relatos de estiagem de dez meses. A
não normalização das chuvas impede que a atmosfera fique mais fria e provoca
uma elevação gradual da temperatura a cada dia”, explica Celso Oliveira,
meteorologista da Somar.
De acordo
com Ludmila Pochmann, meteorologista do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe), a ocorrência de temperaturas altas é comum na primavera, já
que a atmosfera fica mais limpa, livre de nebulosidade. “Por isso há incidência
maior de raios solares e aquecimento de uma área que vai desde a superfície
terrestre até 15 km
de altura, na primeira camada da atmosfera (tropopausa)”, disse.
Excesso de
urbanização pode influenciar calor extremo
Segundo Oliveira, é difícil explicar o motivo de temperaturas recordes em períodos longos, como no caso de Belo Horizonte, mas ele levanta a hipótese sobre o impacto do desenvolvimento das cidades e sua influência no calor extremo. “É possível entrar na questão do crescimento das cidades e na formação de um fenômeno chamado de ilhas de calor”, explicou.
Típicas das
grandes cidades e responsáveis pela sensação de abafamento, as ilhas de calor
resultam do processo de urbanização e impermeabilização do solo. Materiais como
asfalto, concreto armado, cimento e o excesso de prédios dificultam a
circulação do ar, o que faz com que o calor fique mais concentrado em
determinados pontos.
Oliveira
explica que em São Paulo ,
por exemplo, já houve a comprovação de diferenças de até 10 ºC entre áreas do
centro – recheadas de prédios – e bairros distantes, na periferia, onde há
maior movimentação do ar e áreas com vegetação que dispersam o calor.
“As ilhas
de calor alteram o microclima das cidades. São Paulo, que ficou conhecida por
ser a terra da garoa, agora vivencia temporais nos finais de tarde. O aumento
da urbanização pode ter influenciado o clima, isso sem contar a poluição
concentrada. Uma área densamente povoada pode ter um aumento da poluição”,
explica o meteorologista.
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