Antiga Cidade da Música, agora chamada Cidade das Artes. |
É provável que o grupo escolhido para administrar a antiga Cidade da Música seja privado.
Quase uma década após ser anunciado e depois de mais de R$ 500 milhões do dinheiro público terem sido gastos, a Cidade da Música, rebatizada de Cidade das Artes, finalmente deixará de ser apenas um prédio sem uso no meio do Cebolão, na Barra da Tijuca. Em meio a pressões da classe artística para a obra acabar, a prefeitura prevê para março o lançamento do edital que escolherá um grupo privado para administrar o espaço. O complexo será aberto no segundo semestre, se o escolhido conseguir fechar uma programação até lá. Mas, desde já, o prefeito Eduardo Paes admite que manter o projeto iniciado no governo Cesar Maia será impossível sem verba pública.
Mesmo após quase dez anos de obras, a Cidade das Artes será entregue incompleta. Nos últimos três anos, as intervenções foram para refazer estruturas mal instaladas (com o custo arcado pelas construtoras), inclusive da sala principal de concertos, e para complementar obras. Mas itens do projeto que poderiam gerar receita extra para o futuro operador não foram feitos e terão que ser arcados pelo concessionário. Isso inclui instalações para salas de cinema, restaurantes e estacionamento rotativo. Anunciada em novembro de 2002, a previsão inicial era que a obra fosse concluída em 2004. Mas cumprir prazos ainda parece um desafio. Um relatório recém-votado pelo Tribunal de Contas do Município (TCM) revela que o contrato com as empreiteiras venceu em agosto e, legalmente, não pode mais ser renovado. As obras, porém, mesmo sem cobertura contratual, prosseguiram.
Segundo o relatório do TCM, a prefeitura ainda teria que pagar R$ 19 milhões às construtoras para fechar a conta em R$ 518,6 milhões. Mesmo depois de várias auditorias e inspeções feitas pela prefeitura, o TCM ainda desconfia de irregularidades. No relatório, o tribunal solicitou esclarecimentos ao município, por suspeitar que tacos de tatajuba e serviços prestados por bombeiros hidráulicos, eletricistas, pedreiros, serventes e carpinteiros foram pagos duas vezes.
Dois grupos já mostram interesse
Apesar dos problemas, já há interessados em concorrer à administração da Cidade das Artes. A prefeitura foi procurada pelo Instituto Tomie Ohtake e pelo presidente da Associação Polo Rio de Cine e Vídeo, Cláudio Petraglia, interessados em dirigir o complexo cultural. “Nós temos 20 anos de experiência em organizar eventos musicais clássicos. Não estudamos ainda uma programação porque o edital não foi divulgado”, diz o presidente do Instituto Tomie Ohtake, Ricardo Ohtake, ex-secretário estadual de Cultura de São Paulo.
Petraglia disse já ter planos para o local, mas prefere não antecipá-los
Paes acrescentou que a produtora escolhida terá liberdade na escolha da programação, que não ficaria mais restrita à música clássica — daí a alteração do nome. A única exigência é que se comprometa a atender às necessidades da Orquestra Sinfônica Brasileira, que terá sua sede no local, como previsto na proposta original. O prefeito disse que não planeja uma programação ambiciosa para os primeiros meses, para que ajustes na acústica e em equipamentos sejam feitos. A abertura do complexo supriria uma deficiência momentânea da cidade quando a espaços de audições clássicas A Sala Cecília Meireles está fechada para obras e o Teatro Municipal suspendeu a programação depois que setores de apoio, como a bilheteria, foram atingidos por escombros do Edifício Liberdade.
Um silêncio que provocou muito barulho
Em 2008, para sair do papel, a Cidade da Música (atual Cidade das Artes) custaria mais de R$ 500 milhões — mais de seis vezes os R$ 80 milhões estimados em 2002. Entre outros fatores, a alteração do projeto original e sucessivas paralisações elevaram os custos das obras. Em meio à polêmica, o então prefeito Cesar Maia decidiu inaugurar a Cidade da Música, mesmo sem as obras terem sido concluídas. Uma CPI na Câmara dos Vereadores e uma auditoria da Controladoria Geral do Município identificaram falhas na execução das obras, além de serviços incompletos. Depois da inauguração, em 2008, parte da estrutura da plateia da Sala de Concertos teve que ser refeita. As instalações de áudio e vídeo e a iluminação cênica precisaram ser concluídas. Apenas entre 2009 e 2010 foram instalados equipamentos definitivos de som e iluminação. “O fato de as obras serem executadas por grandes construtoras não significa que problemas não possam ocorrer. Às vezes, a mão de obra não é adequada. Havia muitos problemas. Devido a uma infiltração no foyer, por exemplo, todo o piso precisou ser refeito. Isso exige tempo”, explicou o secretário municipal de Obras, Alexandre Pinto.
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