Milhem Cortaz e Bráulio Mantovani falam ao G1 sobre frases que pegam.
'Não pode botar o dedo no Caveira' e 'deu m... em Bangu 1' podem emplacar.
"Deu m... em Bangu 1." "Vocês engordaram o porco e agora nós vai [sic] assar." "Não pode botar o dedo no Caveira, p...!", "A responsabilidade é minha, o comando é meu!"
Assim que foram divulgadas na internet em um teaser oficial (veja ao lado), novas falas dos personagens de “Tropa de elite 2” começaram a ser repetidas na web e já se candidatam a ganhar status de bordão - como os antigos "Pede pra sair" ou "Missão dada, missão cumprida", do longa anterior de José Padilha.
Mas como nascem essas expressões? São escritas pelo roteirista, improvisadas pelos atores, incentivadas pelo diretor ou são sopradas pelos policiais que ajudaram na caracterização dos personagens do filme?
Não pode botar o dedo no Caveira, p...!"
Bráulio Mantovani, roteirista dos dois filmes, completa: “Acho que os bordões nascem da reação dos espectadores. Eu não escrevo bordões. Eu escrevo diálogos que ajudam a avançar a trama e a revelar características dos personagens”, ele explica, dando o crédito para os protagonistas das histórias: “Os atores decoram esses diálogos ou improvisam suas próprias versões das falas a partir dos diálogos escritos com o mesmo espírito do escritor: fazer a história avançar e revelar quem são e como são os personagens que eles interpretam.”
O ator devolve os elogios ao roteirista e lembra da importância do diretor:
“O legal do Bráulio é que a situação, as cenas são muito Bráulio e 70% dos diálogos são dele também, mas ele te dá essa liberdade, junto com o Padilha de trazer a sua criatividade, trazer coisas que você experimentou.”
Além de dar crédito aos atores, Mantovani, que também assinou o roteiro de sucessos como “Cidade de Deus”, citou também a importância dos policiais. “Eu não me lembro de ter escrito nenhuma daquelas falas que viraram bordões. Provavelmente, os atores repetiram o que ouviram dos próprios homens do Bope [Batalhão de Operações Especiais, da Polícia Militar do Rio de Janeiro] durante a preparação para as filmagens. Ou seja: são bordões do Bope que ganharam notoriedade graças ao carisma dos atores.”
Mistério em 'Tropa 2'
Milhem Cortaz lembra de um policial que contribuiu com o estoque de boas frases. “Há um policial civil, que só conheci pelo nome de Chao, que tem pelo menos três frases que, tenho certeza, vão ficar na cabeça de todo mundo. São muito espirituosas. Ele foi para fazer figuração, foi para aumentar o quorum da polícia e sempre estava no final da cena. Ficava aquele silêncio e quem estivesse junto a ele dava a deixa, e ele respondia com cada frase... Eu tenho absoluta certeza de que vão ficar no filme”, disse o ator, sem querer, ou poder, adiantar quaisquer das frases.
Mantovani contou que essas frases repetidas durante o filme podem servir como recurso narrativo, ajudando para definir a psicologia de um personagem. Ele cita o caso do filme "Shakespeare apaixonado", “em que recorrentemente o personagem do produtor diz: ‘Eu não sei. É um mistério’.”
“[Mas] esse outro tipo de bordão que nasce como fala em um filme e cai na boca do povo é um fenômeno que transcende a dramaturgia”, e conta qual é a sua frase preferida: “continua sendo o único que eu de fato escrevi: “Dadinho é o c... Meu nome agora é Zé Pequeno’”, para completar: “Em ‘Tropa’, meu bordão preferido é 'pede pra sair'. Até hoje, quando faço alguma besteira, digo isso para mim mesmo. Mas não sou eu o autor do bordão. Deve ter surgido na pesquisa dos atores”.
Já Cortaz, que insistiu que não podia falar nada sobre o filme, entregou um pouquinho da trama ao comentar seu bordão preferido. “‘Quem quer rir tem que me fazer rir’ – eu adoro isso. Que era do personagem do Sandro Rocha, um sargento que tomava conta das férias dos subalternos, no 'Tropa 1'. No segundo filme, esse personagem ficou gigantesco e o Sandro Rocha volta.”
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