Surinameses que vivem na Holanda vão torcer para o Brasil | Rio das Ostras Jornal

Surinameses que vivem na Holanda vão torcer para o Brasil

Nascidos na antiga colônia holandesa reforçam laços sul-americanos na Copa.

Surinameses e descendentes correspondem ao terceiro grupo étnico no país.

A comunidade brasileira na Holanda vai contar com um reforço na torcida pelo Brasil no jogo desta sexta-feira (2) pelas quartas de final da Copa do Mundo. Grande parte dos mais de 335 mil imigrantes do Suriname que vivem na Holanda vai torcer pela vitória dos “canários divinos”, apelido que a imprensa holandesa deu à equipe de Dunga.

Um deles até leva o Brasil no sobrenome. Filho de surinameses que vieram para a Holanda há mais de três décadas, o administrador Nino Sédar Amilcar Brazil, de 29 anos, prefere o time sul-americano, embora tenha nascido em território batavo. “É uma questão de identidade. Nasci aqui, mas não me sinto holandês”, diz em português fluente, adquirido durante o ano em que viveu em São Paulo como voluntário da ONG Estrela Nova.

Antiga colônia holandesa, o Suriname faz fronteira com o Brasil ao norte e tem população de 481 mil habitantes, número pouco acima dos expatriados que vieram para a ex-metrópole após a independência, em 1975. Surinameses e seus descendentes correspondem a 2% dos habitantes da Holanda, segundo o Gabinete Central de Estatística. Eles são o terceiro maior grupo étnico no País, atrás de indonésios e turcos.

“Vivemos em terra holandesa, mas quando o Brasil joga, somos Brasil”, garante Moekie Chinnoc, 53, que trocou o Suriname pela Holanda há mais de 35 anos. Ao lado dele, o aposentado Robby Kluefert, 67, beberica uma lata de cerveja e dá seu palpite: “O Brasil vai ganhar porque é melhor.” Eric Abati, 37, que se mudou para a Holanda ainda criança, é o único que diz torcer para a seleção laranja. “Eu gosto do futebol holandês. Acho que é forte o suficiente para ganhar do Brasil.”

Eric é uma exceção entre a comunidade de surinameses em Utrecht. A poucos metros dali, Ben Sampat, 47, dono de uma loja de produtos importados, diz que acompanha todos os jogos da seleção e torce pelo Brasil. Na partida desta sexta-feira contra a Holanda não será diferente. O filho dele, Erick Sampat, que nasceu em Roterdã (a 55 km de Amsterdã), prefere não tomar partido. “Ficarei feliz se qualquer um dos dois vencer”, diz.

Embora se considere tolerante e multi-cultural, a sociedade holandesa não absorve os filhos de imigrantes como compatriotas, mesmo que tenham nascido aqui ou vindo ainda muito pequenos. As gerações seguintes continuam sendo rotuladas como “allochtoon”, termo que significa “estrangeiro”, mas que vem sendo usado de forma pejorativa para se referir apenas a imigrantes orientais, surinameses e antilhanos.

A massagista Fayette Sweet, 35, acredita que esse seja o motivo pelo qual tão poucos suriameses se identifiquem com a Holanda na Copa. Ela, que veio do Suriname com os pais aos 6 meses de idade, não vai se vestir de laranja amanhã. “Na minha família, todos estarão torcendo para o Brasil.”

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