Luiz Fux não apresentou justificativas, mas citou o artigo 19 do Regimento Interno do Supremo, que permite a movimentação entre turmas. Gustavo Moreno/STF
Movimentação ocorre após a
aposentadoria de Luís Roberto Barroso; caso Edson Fachin permita a mudança,
próximo indicado de Lula assumirá lugar na Primeira Turma
O ministro Luiz Fux solicitou
ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, a
transferência da Primeira para
a Segunda Turma da Corte. O pedido foi formalizado nesta terça-feira (21) e
ocorre poucos dias após o magistrado ser o único a votar contra a condenação do
ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) e de outros réus no julgamento da chamada trama
golpista. No documento enviado a Fachin, Fux não apresentou justificativas, mas
citou o artigo 19 do Regimento Interno do Supremo, que permite a movimentação
entre turmas em caso de vaga.
O posto na Segunda Turma foi
aberto com a aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso,
ocorrida no último sábado (18). Atualmente, a Primeira é composta por Flávio Dino (presidente), Alexandre de Moraes,
Cármen Lúcia, Cristiano Zanin e Fux. Já a Segunda, considerada mais garantista
— por dar maior peso aos argumentos das defesas —, é formada por Gilmar Mendes
(presidente), Dias Toffoli, André Mendonça e
Nunes Marques.
Caso o pedido seja aceito, Fux
deixará a turma responsável pelos processos ligados aos ataques de 8 de Janeiro e
à tentativa de golpe, julgamentos nos quais tem divergido da maioria. Em
setembro, ele foi voto vencido ao pedir a absolvição de Bolsonaro e do núcleo
central do caso. Nesta terça, voltou a defender a absolvição de outros acusados
de disseminar desinformação.
Durante seu voto, Fux afirmou ter
“humildade judicial” para rever posições anteriores. Segundo o ministro, é
preciso evitar que o sentimento de urgência em momentos de comoção nacional
leve a decisões precipitadas. “A humildade judicial é uma virtude que, mesmo
quando tardia, salva o direito da petrificação e impede que a justiça se torne
cúmplice da injustiça”, declarou. Internamente, ministros do STF avaliam que,
mesmo com a mudança de turma, Fux ainda poderia concluir processos nos quais já
votou pelo recebimento da denúncia. Ainda assim, a tendência é que ele se
afaste das próximas fases da trama golpista.
Antes de deixar o grupo, Fux
informou aos colegas que liberará ainda nesta terça-feira seu voto final sobre
o caso Bolsonaro, documento de 429 páginas que passará por compilação na
Secretaria Judiciária. A entrega dos votos é necessária para a publicação do
acórdão — etapa que abre o prazo de recursos e define o início do cumprimento
das penas impostas aos condenados.
Com a saída de Fux, a Primeira
Turma deve receber o novo ministro a ser indicado pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) para substituir Barroso. O mais cotado é o ministro-chefe da
Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias. A
escolha deve ser confirmada após a volta de Lula da Ásia, na próxima semana.
Jovem Pan

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