Efeitos são imediatos no agro e
existem riscos eminentes à estabilidade cambial. Governo brasileiro promete
negociar
A novela da tensão comercial
entre Brasil e Estados Unidos ganha novos capítulos a cada dia. Após o anúncio
da tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados
aos EUA e a abertura
de uma investigação sobre supostas práticas comerciais desleais
por parte do Brasil, especialistas ouvidos pelo R7 afirmam que
o governo federal precisa negociar
com firmeza, porém sem abrir mão da soberania.
Mesmo antes da tarifa entrar
oficialmente em vigor, os efeitos já são sentidos. Segundo o advogado Celso
Figueiredo, especialista em direito internacional pela USP (Universidade de São
Paulo), o clima de incerteza tem paralisado embarques e negócios entre os dois
países.
RESUMO DA NOTÍCIA
- Trump anuncia tarifa de 50% sobre produtos
brasileiros, causando tensões diplomáticas.
- Lula classifica a medida como desrespeitosa e
promete negociar retaliações.
- Setores estratégicos do Brasil, especialmente o
agronegócio, enfrentam incertezas e prejuízos.
- Especialistas alertam para riscos de impacto
econômico e instabilidade cambial.
Produzido pela Ri7a - a
Inteligência Artificial do R7
“Só o fato de existirem ameaças
já gera uma insegurança jurídica demasiada para os setores que exportam e
importam. Há dúvidas se o produto enviado agora será sobretaxado, o que já
levou à paralisação de vários negócios”, alerta.
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Além da insegurança, o impacto
prático também será severo para setores estratégicos. Figueiredo destaca que o
agronegócio será o mais atingido, com prejuízos para exportações de carne,
café, suco de laranja, açúcar e celulose.
Setores como mineração,
siderurgia, metalurgia e até a aviação, com os aviões da Embraer, também devem
sofrer perdas relevantes.
Alternativas viáveis
O gesto de Trump tem forte peso
político. O presidente norte-americano vem fazendo críticas recorrentes ao
Brics e tenta enfraquecer o bloco liderado por economias emergentes. O Brasil,
que tem papel ativo na articulação com China, Rússia, Índia e África do Sul,
estaria na linha de frente dos ataques.
“Parece haver um esforço para
reforçar a imagem hegemônica dos EUA, penalizando iniciativas que não estejam
alinhadas com Washington. Isso pode acelerar negociações de novos acordos
comerciais com outros países, numa tentativa de escapar da insegurança jurídica
de fazer negócios com os EUA de Trump”, explica Celso Figueiredo.
Buscar outros parceiros
comerciais é uma saída, mas que exige tempo e articulação. Para Figueiredo, o
Brasil tem interesse em diversificar relações, mas encontra obstáculos por
fazer parte do Mercosul, que exige negociação conjunta em acordos
internacionais.
Para ele, o Brasil precisa manter
a firmeza diplomática e não ceder politicamente às pressões norte-americanas,
mas sim encontrar brechas que permitam “dar uma saída honrosa” a Trump — sem
comprometer a soberania nacional.
“O ponto chave é identificar um
tema, por irrelevante que seja, que Trump possa apresentar como vitória
interna. É uma questão de ‘timing’. Mas o Brasil não deve abrir mão da
autonomia para manter relações comerciais”, afirma Figueiredo.
Dólar mais caro, inflação e
risco fiscal
Do ponto de vista econômico, os
efeitos das tarifas também preocupam. Para o advogado tributarista Leonardo
Roesler, o tarifaço pode ter impacto estrutural na balança comercial,
pressionar o câmbio, aumentar a inflação e enfraquecer o crescimento do país.
“A tarifa generalizada de 50%
deslocaria pedidos para outros fornecedores, reduzindo a participação do Brasil
no mercado de tecnologia embarcada, como aeronaves e equipamentos de energia”,
aponta Roesler. “Isso enfraqueceria cadeias produtivas e elevaria o custo do
capital.”
Ele alerta que uma queda nas
exportações para os EUA pressionaria o real, exigindo um prêmio de risco maior
na rolagem da dívida externa, além de aumentar a volatilidade no mercado
cambial e os custos de importação.
“A tarifa reduz a margem das
exportadoras, golpeia o investimento em setores estratégicos e pode comprimir o
PIB em até 0,3 ponto percentual. Se a tensão se prolongar, o país pode até ter
o rating rebaixado e sofrer fuga de capitais”, completa.
*Sob supervisão de Leonardo
Meireles
Luiza Marinho*, do R7, em
Brasília

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