Em sessão plenária da cúpula de
líderes do Brics, o presidente defendeu reformas e pediu mais
representatividade dos países do Sul Global nas instituições multilaterais
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou
neste domingo (6) o papel do Fundo
Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial,
instituições que, na visão dele, “sustentam um Plano Marshall às avessas, em
que as economias emergentes e em desenvolvimento financiam o mundo mais
desenvolvido”. A declaração fez parte da intervenção do presidente na segunda sessão
plenária da cúpula de líderes, no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de
Janeiro, dedicada ao fortalecimento do multilateralismo, assuntos
econômico-financeiros e inteligência artificial (IA).
Plano Marshall foi a ajuda
financeira que os Estados Unidos proveram para a reconstrução da Europa depois
da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Para Lula, enquanto o FMI e o Banco
Mundial se voltam ao mundo desenvolvido, “os fluxos de ajuda internacional caíram,
e o custo da dívida dos países mais pobres aumentou”. O presidente aproveitou a
reunião de líderes do Brics, comandada pelo Brasil, para pedir mais poder dos
países do Sul Global no FMI, instituição que tem entre suas missões cooperar
para o bom funcionamento do sistema financeiro global e colaborar com países
durante crises econômicas, por exemplo.
“As distorções são inegáveis”,
declarou Lula. “Para fazer jus ao nosso peso econômico, o poder de voto dos
membros do Brics no FMI deveria corresponder pelo menos a 25% – e não os 18%
que detemos atualmente”, completou. O presidente brasileiro fez críticas ao
neoliberalismo (diminuição do Estado na economia), responsável, segundo ele,
aprofundar desigualdades. “Três mil bilionários ganharam US$ 6,5 trilhões desde
2015”, citou.
Banco do Brics
Na participação, o presidente fez
elogios ao Novo Banco de Desenvolvimento (New Development Bank, NDB), conhecido
como Banco do Brics. “O Novo Banco de Desenvolvimento dá uma lição de
governança”, afirmou ao citar o recém ingresso de Argélia e o processo de
adesão da Colômbia, Uzbequistão e Peru. Para ele, é um atestado da capacidade
do NDB de oferecer financiamento para transição justa e soberana.
O banco de fomento foi criado
pelo Brics em 2015. Desde 2023, a ex-presidente Dilma Rousseff está no comando
da instituição financeira, que tem sede na China. Países de fora do Brics podem
se habilitar para participar do NDB. Dilma discursou na sessão deste domingo.
Ainda abordando a desigualdade no
mundo, Lula defendeu justiça tributária (ricos pagando mais impostos) e combate
à evasão fiscal., “Fundamentais para consolidar estratégias de crescimento
inclusivas e sustentáveis, próprias para o século XXI”.
Comércio e protecionismo
O presidente fez críticas ainda a
Organização Mundial do Comércio (OMC). “Sua paralisia e o recrudescimento do
protecionismo criam uma situação de assimetria insustentável para os países em
desenvolvimento”. A declaração acontece no ano em que o presidente dos Estados
Unidos, Donald Trump, deflagrou uma guerra tarifária, aplicando tarifas a
produtos que entram no país – uma forma de proteger a indústria americana da
concorrência estrangeira.
Ineditismo
O presidente brasileiro ressaltou
que essa 17ª reunião de líderes do Brics reúne, pela primeira vez,
países-parceiros. “Coroa a histórica expansão do Brics”, exaltou. País-parceiro
é uma modalidade criada na cúpula da cidade russa de Kasan, em 2024. Uma
principal diferença entre país-membro e que os parceiros não têm poder de voto
nas discussões. “Os países convidados trazem consigo perspectivas de diferentes
contextos regionais que enriquecem a articulação de uma visão própria do Sul
Global.O Brics é ator incontornável na luta por um mundo multipolar, menos
assimétrico e mais pacífico”, declarou.
O Brics é formado por 11
países-membros: África do Sul, Arábia Saudita, Brasil, China, Egito, Emirados
Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia, Índia, Irã e Rússia. Essas nações
representam 39% da economia mundial e 48,5% da população do planeta. Os países
que têm status de parceiros são Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia,
Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã.
O Brics se identifica como nações
do Sul Global e busca mais cooperação entre si e tratamento mais equânime em
organismos internacionais. Os países-membros se alternam ano a ano na
presidência. O Brasil será sucedido pela Índia em 2026.
Com informações da Agência Brasil
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