Símbolo do futebol nacional foi
palco de duas finais de Copa do Mundo, recebeu Olimpíada e a visita de
personalidades ilustres
Rio - O estádio do Maracanã
completa 75 anos de história nesta segunda-feira (16). Muito mais que um campo
de futebol, o Maraca é um dos maiores símbolos culturais do Brasil, se
tornando um monumento que já testemunhou tragédias, glórias, ídolos eternos e
paixões que atravessam gerações.
Desde sua inauguração, em 16 de
junho de 1950, o estádio localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro se tornou
um protagonista da história do esporte mundial, palco de decisões inesquecíveis
e espetáculos que foram além do futebol.
A construção do Maracanã foi
motivada pela realização da Copa do Mundo de 1950, a primeira após a Segunda
Guerra Mundial. A ideia era fazer um estádio grandioso, que representasse o
Brasil em ascensão e apaixonado por futebol. E assim nasceu o maior estádio do
mundo na época. O historiador Luiz Antônio Simas diz que a inclusão foi um dos
marcos da construção do Maraca.
"O Maracanã é construído no
contexto da candidatura do Brasil para a Copa de 1950 e ele é pensado para ser
um estádio inclusivo, mas não igualitário. Em uma cidade que na época
tinha um milhão de habitantes foi construído um estádio pra 200 mil
pessoas, mas ele é pensado com um sistema de compartimentação de espaços como
geral, cadeiras, arquibancada e tribunas. Por isso é inclusivo, mas não
igualitário. Independente disso, o Maracanã marcou a história do Rio de Janeiro
do ponto de vista da cultura, da arquitetura e da sociabilidade
urbana", diz Simas.
O jogo inaugural, entre seleções
do Rio e de São Paulo, marcou o começo da trajetória. Mas foi em 16 de julho de
1950, na final entre Brasil e Uruguai, que o estádio entrou definitivamente
para a história, ainda que com uma das páginas mais dolorosas do futebol
nacional: o Maracanazo. Cerca de 200 mil torcedores presenciaram a virada
uruguaia e o silêncio que se abateu sobre o Maracanã entrou para o imaginário
coletivo do país.
Com o passar dos anos, o Maracanã
se tornou a casa dos grandes clássicos cariocas e também foi cenário para
as conquistas e despedidas dos maiores craques brasileiros. Em 19 de novembro
de 1969, Pelé marcou seu milésimo gol no estádio, cobrando pênalti contra o
Vasco, num jogo que parou o Brasil.
Zico, o Galinho de Quintino,
talvez seja o maior símbolo do Maracanã nas décadas de 1970 e 80. Com a camisa
do Flamengo, ele protagonizou partidas memoráveis no gramado. Rivellino,
Romário, Bebeto, Túlio Maravilha, Roberto Dinamite e muitos outros também
eternizaram seus nomes no Maraca.
Ao DIA, o
ex-lateral-esquerdo Branco, de 61 anos, tetracampeão do mundo pela Seleção em
1994 e que brilhou com a camisa do Fluminense no estádio, deu seu recado.
"Foi a realização de um sonho jogar no Maracanã. Tive a honra de ganhar
muitos títulos importantes no maior palco do futebol mundial", afirmou.
O ex-zagueiro Rondinelli, o
Deus da Raça do Flamengo no fim dos anos 1970, também guarda excelentes
lembranças do Templo do Futebol.
"Os nossos jogos, naquelas
décadas de 1970, 1980, atingiam uma média de 110, 120 mil pessoas. Aqueles
geraldinos (frequentadores da geral), com quase 25 mil, todos eles ali em pé.
Sempre foi uma honra, um prazer, nós sermos ovacionados por esses torcedores
simples, que mostravam o porquê de estarem ali. É uma honra, um prazer
responder tudo isso em relação ao estádio Mario Filho, onde tivemos o
privilégio de fazer grandes jogos, receber grandes equipes estrangeiras. Também
tive o privilégio de assistir grandes jogos quando mais jovem. A seleção
brasileira de 1970, por diversas vezes fui ao Maracanã para ver o time de
Zagallo, com os melhores jogadores que existiram, do Mundial de 1970",
afirmou.
"O Maracanã tem um legado,
uma história marcante em tudo aquilo que ele pôde proporcionar na minha vida
profissional e pessoal. Carrego isso como um mastro, uma premiação, uma
medalha, a gente não encontra nenhum adjetivo que possa qualificar a beleza, a
maestria", concluiu.
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Reencontros com o mundo:
Copas, Olimpíada e Libertadores
Já no século XXI, o Maracanã
passou por reformas profundas para receber grandes eventos internacionais. Na
Copa do Mundo de 2014, foi sede de sete partidas, incluindo a final entre
Alemanha e Argentina. Era a segunda final de Copa no mesmo estádio.
Dois anos depois, brilhou novamente
com os Jogos Olímpicos Rio 2016, sediando as cerimônias de abertura e
encerramento. Além da conquista do inédito ouro olímpico pela equipe masculina
de futebol após Neymar cobrar o último pênalti contra a Alemanha.
Em 2020, pela primeira vez, o
estádio recebeu uma final única da Copa Libertadores, vencida pelo Palmeiras.
Em 2023, a cena se repetiu, agora com título do time da casa, o Fluminense com
direito a gol na prorrogação para sacramentar o título tricolor diante do Boca
Juniors.
O Maracanã também é palco da
cultura e da música. Recebeu shows históricos de artistas como Frank Sinatra
(1980), Tina Turner (1988), Madonna (1993), Paul McCartney (1990 e 2011),
Rolling Stones (2006), além de gigantes brasileiros como Ivete Sangalo e
Roberto Carlos. Fora a edição de 1991 do Rock in Rio que marcou os cariocas com
um show histórico da banda Queen. O estádio também é presença frequente na
literatura, no cinema e na memória coletiva do brasileiro, com seu nome
carregado de emoção e identidade.
Os grandes desafios para os
próximos anos
Diante de toda a história vivida
no Maracanã, o professor Luiz Antônio Simas celebra os 75 anos do estádio e
projeta os próximos anos com um desafio para as gerações futuras. Segundo o
historiador é preciso trazer o povo de volta para o estádio, a fim de voltar a
ser o grande palco do Brasil.
"Esse Maracanã independente
do velho ou do novo foi palco de momentos marcantes como a final da Copa do
Mundo de 1950, a final da Copa de 2014, o milésimo gol do Pelé. O estádio é uma
memória física não só do futebol brasileiro, mas do futebol mundial. Celebrar
os 75 anos do Maracanã é algo incrível e para os próximos anos o desafio é
pensar no futebol mais inclusivo. As transformações dos estádios em arenas
elitizou bastante o público, então precisamos pensar em voltar a ter um estádio
inclusivo", completa Simas.
O CEO do Maracanã, Severiano
Braga, também falou sobre o futuro do estádio e quer transformá-lo em um ponto
turístico cada vez mais integrado com a cidade do Rio de Janeiro, além de aprimorar
as instalações já existentes.
"O Maracanã é referência.
Sendo assim, o nosso compromisso está sempre na busca de garantir ainda mais
segurança, conforto, tecnologia e acessibilidade a torcedores, atletas,
prestadores de serviço e profissionais de imprensa que frequentam o estádio.
Recentemente, apresentamos a nova identidade visual do estádio, dando início a
uma nova era sob a gestão da Fla-Flu S/A, que administrará o estádio pelos
próximos 20 anos. A curto prazo, o Maracanã já contará com a troca de toda
iluminação do gramado e a finalização do planejamento para as trocas dos telões
e da iluminação cênica, além de outras novidades. Para 2027, está prevista a
construção do Novo Museu do Futebol", explicou Braga.
O Dia
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