O governo canadense do primeiro-ministro Mark Carney anunciou nesta terça-feira que permitirá aos fabricantes de automóveis importar veículos fabricados nos Estados Unidos sem tarifas, desde que as empresas mantenham sua produção no Canadá. A medida busca mitigar os efeitos da escalada tarifária impulsionada pelo presidente americano Donald Trump sobre o setor automotivo norte-americano.
Segundo informações do Ministério
das Finanças canadense, as montadoras poderão se beneficiar dessa isenção
fiscal somente se “continuarem produzindo, empregando e investindo no Canadá”.
Caso não cumpram esses requisitos, o número de veículos que poderão importar
sem pagar tarifas será reduzido. Carney explicou em entrevista coletiva que a
política tem como objetivo proteger o emprego e o investimento nacional frente
ao impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos.
As novas medidas ocorrem dias
depois que o Canadá aplicou tarifas de 25% sobre automóveis e caminhões leves
provenientes dos EUA, em resposta a uma ação similar do governo Trump contra
veículos e autopeças importados do Canadá. Ambos os países, juntamente com o
México, mantêm há décadas uma cadeia de suprimentos integrada no setor
automotivo, que agora se encontra sob tensão.
O anúncio coincide com
informações publicadas pelo jornal japonês Nikkei, segundo as quais a Honda
estaria considerando transferir parte de sua produção do Canadá e do México
para os Estados Unidos, com o objetivo de fabricar localmente 90% dos veículos que
vende naquele país. A companhia negou categoricamente a existência de tais
planos e afirmou que sua planta em Alliston, Ontário, continuará operando a
plena capacidade.
“A Honda Canadá nos comunicou que não foram
tomadas decisões sobre mudanças na produção que afetem as operações canadenses,
nem estão sendo consideradas neste momento”, declarou a ministra da Indústria,
Anita Anand, por meio de um comunicado. Anand acrescentou que se reunirá com o
diretor executivo da Honda Canadá para continuar o diálogo, enquanto o ministro
das Finanças, François-Philippe Champagne, tem previsto conversar com altos
executivos da empresa no Japão.
A planta da Honda em Alliston,
que produz os modelos Civic e CR-V, emprega cerca de 4.200 pessoas e tem uma
capacidade anual de 390.000 veículos. Em 2024, a companhia anunciou um plano de
investimento de 15 bilhões de dólares canadenses [10,8 bilhões de dólares
americanos] para estabelecer uma rede de produção de veículos elétricos em
Ontário, com o apoio de 5 bilhões de dólares canadenses [3,579 bilhões de
dólares americanos] em subsídios do governo federal.
A estratégia comercial de Carney
se enquadra em um contexto eleitoral decisivo. O primeiro-ministro, que aspira
à reeleição nas eleições de 28 de abril, prometeu a criação de um fundo de 2
bilhões de dólares canadenses para fortalecer a cadeia de suprimentos
automotiva nacional. Em declarações à imprensa, acusou Trump de “atacar nossa
indústria automotiva” e advertiu que suas políticas poderiam “desarticular o
setor industrial mais integrado do mundo”.
Carney advertiu que as tarifas
americanas poderiam ter efeitos adversos para os consumidores tanto nos Estados
Unidos quanto no Canadá. “Estão mal orientadas e não funcionarão”, declarou.
Ele também mencionou indícios de que a administração Trump estaria
reconsiderando algumas de suas decisões.
Seu principal rival, o líder do
Partido Conservador Pierre Poilievre, também manifestou sua intenção de
negociar com Trump e propôs eliminar o imposto federal sobre as vendas para os
veículos fabricados no Canadá.
Ambos os líderes concordam que
será necessário um novo entendimento comercial com os Estados Unidos para
resolver o conflito tarifário e preservar a competitividade da indústria
automotiva norte-americana.
Com informações de Bloomberg,
EFE e AFP
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