Levantamento destaca presença de quilombolas no Parque do
Desengano, no Norte Fluminense e na APA Pau Brasil, na Região dos Lagos; ato
deve orientar políticas para preservar modos de vida e fortalecer ações de
sustentabilidade.
Um levantamento inédito do Instituto Estadual do Ambiente
(Inea) identificou 97 comunidades tradicionais vivendo dentro de unidades de
conservação no estado do Rio. Entre os territórios mapeados, dois se destacam
pela forte presença de grupos tradicionais: o Parque Estadual do Desengano, no
Norte Fluminense, e a Área de Proteção Ambiental (APA) Estadual Pau Brasil, na
Região dos Lagos.
O estudo reúne quilombolas, caiçaras, pescadores artesanais,
salineiros, sitiantes e indígenas e foi elaborado por uma equipe
multidisciplinar de biólogos, geógrafos, engenheiros florestais e turismólogos.
O objetivo é subsidiar políticas públicas que melhorem a qualidade de vida
desses povos e garantam a preservação de seus modos de vida.
“O mapeamento permite enxergar, de forma inédita, a
diversidade e a força cultural das comunidades tradicionais. Ao entender melhor
seus modos de vida, conseguimos aprimorar nossas ações e valorizar saberes que
atravessam gerações”, afirmou o secretário estadual do Ambiente e
Sustentabilidade, Bernardo Rossi.
Quilombolas em unidades como Desengano e Pau Brasil
Entre as 12 comunidades quilombolas identificadas no estado,
duas estão justamente nas regiões destacadas:
- Quilombolas
do Parque Estadual do Desengano, que preservam práticas agrícolas e
culturais no Norte Fluminense;
- Comunidades
quilombolas da APA Estadual Pau Brasil, na Região dos Lagos, que mantêm
tradições e utilizam o território para subsistência e turismo de base
comunitária.
- Outros
grupos quilombolas vivem nos parques estaduais da Pedra Branca, Serra da
Concórdia e Cunhambebe.
Diversidade cultural nas unidades
Além dos quilombolas, o estudo identificou:
- 63
comunidades caiçaras em áreas como Ilha Grande, Paraty e Angra dos Reis;
- 9
comunidades de pescadores artesanais em unidades como Lagoa do Açu,
Tiririca, Maricá, Massambaba, Pau Brasil, Itaipu e Guaratiba;
- 2
comunidades indígenas no Parque Estadual Cunhambebe e na Reserva Ecológica
da Juatinga;
- 1
comunidade salineira na APA Massambaba;
- 10
sitiantes em unidades como Pedra Branca, Pedra Selada, Serra da Estrela,
Alto Iguaçu e Gericinó-Mendanha.
A coordenadora da pesquisa, a bióloga Carolina Marques,
destaca que o levantamento ajuda a entender como essas comunidades ocupam e
utilizam as unidades de conservação e quais ações são necessárias para garantir
a preservação de seus costumes.
Saberes tradicionais preservados
As comunidades mapeadas mantêm uma relação histórica com os
recursos naturais, extraindo apenas o necessário para subsistência. Pescadores
artesanais, por exemplo, evitam capturar espécies em período de reprodução;
salineiros preservam métodos seculares de produção, como na Salina Glória, em
Araruama, uma das últimas do país a manter o processo totalmente artesanal.
O Inea já capacitou 216 condutores de visitantes de
comunidades tradicionais e, em 2025, criou o Núcleo de Povos e Comunidades Tradicionais,
que passou a coordenar ações de mapeamento, diálogo e reconhecimento desses
territórios.
“Esses territórios são parte viva das áreas protegidas. Muitas comunidades estão nesses locais antes mesmo da criação das unidades. A escuta ativa é essencial”, afirmou a chefe do núcleo e remanescente do Quilombo Boa Esperança, em Areal, Estefanie Rodrigues.
Por g1 —
Cabo Frio


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