Uma xícara de café por dia pode oferecer proteção contra uma das arritmias cardíacas mais comuns, de acordo com um estudo apresentado na reunião de Sessões Científicas 2025 da American Heart Association. A descoberta, relatada pelo tabloide britânico, The Independent, desafia a crença tradicional de que a cafeína é prejudicial para quem tem problemas cardíacos e traz novas evidências sobre o impacto do café na saúde cardiovascular. A fibrilação atrial, que afeta mais de 10 milhões de adultos nos Estados Unidos, tem mostrado tendência de aumento nas últimas décadas, impulsionada por fatores como obesidade e envelhecimento da população.
O estudo, liderado pelo Dr. Gregory Marcus,
eletrofisiologista da Universidade da Califórnia em San Francisco Health, com o
Dr. Christopher Wong como primeiro autor, incluiu 200 adultos diagnosticados
com fibrilação atrial ou flutter atrial nos Estados Unidos, Canadá e Austrália.
Durante seis meses, os participantes receberam cardioversão elétrica para
restaurar o ritmo cardíaco normal. Posteriormente, metade do grupo foi
instruída a consumir pelo menos uma xícara de café diariamente, enquanto a
outra metade eliminou completamente a cafeína da dieta. Os resultados revelaram
que o risco de recorrência da fibrilação atrial foi menor entre aqueles que
mantiveram o consumo de café: 47% deste grupo experimentou episódios
recorrentes, em comparação com 64% do grupo que evitou a cafeína. Essa
diferença representa uma redução de 39% no risco de novos episódios para quem
bebeu café.
O Dr. Wong classificou os resultados como “surpreendentes”,
enquanto o Dr. Marcus destacou que o café poderia influenciar positivamente a
saúde cardíaca. Sobre os possíveis mecanismos por trás desse efeito, o Dr.
Marcus explicou que o café pode aumentar a atividade física, fator conhecido
por reduzir a incidência de fibrilação atrial. Além disso, a cafeína atua como
diurético, o que pode contribuir para diminuir a pressão arterial e,
consequentemente, o risco de arritmias. Outros componentes do café possuem
propriedades anti-inflamatórias que também poderiam desempenhar um papel
protetor. Os pesquisadores advertiram que os resultados podem estar
parcialmente relacionados a hábitos de vida mais saudáveis entre consumidores
de café.
A fibrilação atrial representa uma preocupação crescente em
saúde pública. De acordo com dados coletados pelo The Independent, um em cada
22 americanos vive com essa condição, número que triplica as estimativas de
duas décadas atrás. O aumento da obesidade e do envelhecimento impulsionaram a
prevalência da FA, que pode levar a complicações graves como insuficiência
cardíaca, derrames e morte súbita. Tradicionalmente, os médicos recomendavam
aos pacientes com problemas cardíacos evitar a cafeína para prevenir o aumento
da frequência cardíaca e da pressão arterial, prática que este novo estudo
questiona.
Apesar dos benefícios observados, os especialistas insistem na
necessidade de precaução. Os autores do estudo destacaram que algumas pessoas
podem experimentar piora dos sintomas com a cafeína ou café, portanto, a
resposta individual deve guiar as recomendações médicas. O Dr. Marcus sugeriu
que os profissionais de saúde considerem a possibilidade de permitir que seus
pacientes com fibrilação atrial experimentem bebidas com cafeína, como chá ou
café, desde que não apresentem efeitos adversos. A apresentação desses
resultados reforça o interesse da comunidade científica na reavaliação das
recomendações sobre consumo de café em pacientes com arritmias, convidando
médicos e pacientes a reconsiderarem o papel do café na dieta dos que sofrem de
fibrilação atrial, sempre sob supervisão médica e atentos à resposta individual.
Gazeta Brasil

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