As principais petroleiras
estatais da China suspenderam temporariamente a compra de petróleo russo após
os Estados Unidos anunciarem novas sanções contra a Rosneft e a Lukoil, segundo
fontes comerciais ouvidas pela Reuters nesta quinta-feira (23). A decisão
ocorre em meio à dificuldade de avanços diplomáticos para a guerra na Ucrânia e
depois de o Kremlin descartar um possível encontro entre Donald Trump e
Vladimir Putin para discutir alternativas de paz.
De acordo com relatos da agência,
as empresas chinesas PetroChina, Sinopec, CNOOC e Zhenhua Oil decidiram evitar
negociações com o petróleo russo enviado por via marítima, por temerem
represálias em função das sanções americanas. Nenhuma das companhias comentou
oficialmente a decisão.
A China importa cerca de 1,4
milhão de barris diários de petróleo russo por via marítima, principalmente
para refinarias independentes, conhecidas como “teteras”. Já os volumes
adquiridos pelas estatais variam conforme a análise: a Vortexa Analytics estima
menos de 250 mil barris diários nos primeiros nove meses de 2025, enquanto a
consultoria Energy Aspects aponta até 500 mil barris por dia. Fontes do setor
afirmaram que a Unipec, unidade de comercialização da Sinopec, suspendeu suas
compras na semana passada após o Reino Unido sancionar a Rosneft, a Lukoil e
parte da chamada “flota fantasma”, incluindo entidades chinesas e uma grande
refinaria.
A medida das petrolíferas
chinesas coincide com redução drástica das importações russas pela Índia, que
também busca cumprir as sanções americanas. A queda na demanda nos dois maiores
mercados de petróleo da Rússia aumenta a pressão sobre os recebimentos de
Moscou, forçando o país e os importadores globais a buscar outros fornecedores,
com impacto nos preços internacionais do petróleo.
Na quarta-feira, o Departamento
do Tesouro dos EUA anunciou um “aumento substancial” das sanções, incluindo a
Rosneft, a Lukoil e mais de trinta subsidiárias. Segundo o secretário do
Tesouro, Scott Bessent, o objetivo é “parar a máquina de guerra do Kremlin” e
pressionar por um cessar-fogo na Ucrânia. Todas as propriedades das empresas
nos EUA foram bloqueadas, e qualquer transação com elas passou a ser proibida,
inclusive aquelas feitas por bancos ou pessoas estrangeiras que facilitem
operações relevantes para os setores energético ou militar da Rússia.
A OFAC (Escritório de Controle de
Ativos Estrangeiros) alertou que as sanções podem se estender a entidades
internacionais com laços financeiros ou comerciais com as empresas sancionadas,
aumentando o risco de penalizações secundárias.
Nesta quinta-feira, o presidente
Vladimir Putin classificou as sanções como um “ato inamistoso” que prejudicará
as relações bilaterais, mas afirmou que terão impacto limitado na economia
russa e que substituir o petróleo russo nos mercados globais será um processo
prolongado.
Paralelamente, fontes
diplomáticas informaram que a União Europeia acordou um novo pacote de sanções,
que inclui a proibição total de importações de gás natural liquefeito russo em
seis meses, restrições à chamada “flota fantasma” e ampliação do controle sobre
transferências entre navios, acesso a portos e seguros.
O pacote europeu, que será
formalizado durante a cúpula de líderes, também estabelece restrições ao
movimento de diplomatas russos, sanções a bancos russos e bielorrussos e limita
o uso de serviços de criptomoedas. Desde fevereiro de 2022, os EUA afirmam ter
sancionado mais de 6.000 pessoas e entidades ligadas ao esforço militar russo,
em coordenação com UE, Reino Unido e aliados, visando limitar o acesso de
Moscou a capital, tecnologia e recursos energéticos.
Gazeta Brasil

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