Em um dos piores erros judiciais,
o serviço de entregas processou equivocadamente cerca de 1.000 encarregados de
sucursais entre 1999 e 2015
O escândalo envolvendo
trabalhadores do serviço dos Correios britânico
pode ter motivado 13 suicídios e provocado ideações suicidas em 59 pessoas,
segundo o relatório do inquérito tornado público nesta terça-feira (8). Em um
dos piores erros judiciais do Reino Unido, os
Correios processaram equivocadamente cerca de 1.000 encarregados de sucursais
entre 1999 e 2015. Erros do software de contabilidade Legacy Horizon, da
gigante da tecnologia Fujitsu, fizeram parecer que valores teriam sumido das
agências.
Mais de 700 destes funcionários
foram processados por roubo e falsificação de contas. Muitos foram à falência,
após terem sido forçados pelos Correios a pagar o montante a título de
reembolso. Alguns chegaram a ser presos. Dezenas daqueles que foram exonerados
posteriormente morreram sem nunca ver seus nomes limpos.
O chefe do inquérito, Wyn
Williams, explicou que há uma “possibilidade real” de que 13 pessoas tenham se
suicidado como resultado do sofrimento que padeceram. Segundo o relatório, dez
pessoas teriam tentado tirar a própria vida e 59 pensaram em fazê-lo.
Muitos processos começaram após
surgirem dúvidas sobre a confiabilidade do software em questão. A política está
investigando uma possível fraude relativa ao escândalo. “Encontrei evidências
satisfatórias de que um número de encarregados e funcionários de escalões mais
baixos dos Correios sabiam ou pelo menos deveriam saber que o Legacy Horizon
era passível de erro”, destacou Williams no relatório. “No entanto… Os Correios
mantiveram a versão de que seus dados sempre foram precisos”, assinalou.
Em janeiro de 2024, uma série exibida pela emissora ITV,
centrada na batalha judicial de Alan Bates, um dos funcionários dos Correios
vítima do escândalo, trouxe o caso de volta ao centro da atenção pública. Desde
então, a justiça anulou várias condenações e uma comissão de investigação
estudou o caso, que o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, qualificou como
“um dos maiores erros judiciais da história” do Reino Unido.
JP

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