Passagem no Estreito de Kerch se
estende por quase 20 Km e é uma rota de suprimento primária para as forças de
Moscou lutando no sul ucraniano
A Ucrânia alegou nesta
terça-feira (3), ter atacado a estratégica ponte da Crimeia pela terceira vez
desde o início da guerra contra a Rússia, após passar meses
plantando explosivos na estrutura de suporte sob a água. O ataque ocorreu dois
dias depois que a Ucrânia realizou uma das operações mais ambiciosas da guerra,
visando a frota de bombardeio estratégico russa. A extensão dos danos não ficou
imediatamente clara, mas o Serviço de Segurança da Ucrânia, a agência de
inteligência conhecida como SBU, divulgou uma declaração e um vídeo que disse
mostrar uma das detonações. “Hoje, às 4:44 da manhã, sem vítimas civis, o
primeiro dispositivo explosivo foi detonado”, disse a agência em um comunicado.
“Os pilares de suporte subaquáticos foram severamente danificados ao nível do
leito do mar – auxiliado pelo equivalente a 1.100 kg de TNT.” Filmagens de
vigilância divulgadas pela agência e verificadas pelo The New York Times
mostram uma explosão sob a Ponte do Estreito de Kerch, que conecta o continente
da Rússia à península da Crimeia.
O ataque pareceu ter como alvo as
características de suporte da ponte. Não ficou imediatamente claro a extensão
dos danos que a ponte sofreu. Uma foto da agência mostra alguns danos ao seu
corrimão. O tráfego na ponte foi suspenso por cerca de três horas pela manhã e,
então, mais tarde no mesmo dia, cerca de uma hora após o SBU publicar seu
relatório, foi fechado novamente por cerca de duas horas, de acordo com o canal
do Telegram que rastreia a operação da ponte. As razões para os fechamentos não
foram divulgadas. A ponte reabriu no final da tarde. O chefe do SBU, Vasil
Maliuk, escreveu em um comunicado que a Rússia continuou a usar a ponte “como
uma artéria logística para fornecer suas tropas”, tornando-a um alvo legítimo.
Um blog militar russo, Ribar,
administrado por um ex-membro do serviço do exército russo, Mikhail Zvinchuk,
disse em um post no Telegram que um drone subaquático ucraniano havia atacado a
ponte na madrugada de terça-feira, mas que havia atingido apenas uma barreira
defensiva ao redor de um dos pilares. Detritos caíram na estrada acima, disse
Ribar no post. A Ponte do Estreito de Kerch se estende por quase 20 Km e é uma
rota de suprimento primária para as forças de Moscou lutando no sul da Ucrânia.
É profundamente simbólica para o presidente Vladimir Putin, que presidiu sua
inauguração em 2018.
Em outubro de 2022, um caminhão
carregado de explosivos foi detonado enquanto atravessava a ponte, causando uma
bola de fogo grande o suficiente para romper tanques de combustível em um trem
que passava e incendiá-lo. A explosão retirou parte da estrada de suas juntas e
a lançou ao mar. Os russos iniciaram reparos, mas 10 meses depois, a ponte foi
atingida novamente, desta vez usando drones marítimos para visar pilares de
suporte. Após cada ataque, os russos trabalharam para reparar a artéria vital e
aumentaram as defesas ao redor dela.
De acordo com autoridades
americanas, os russos tomaram medidas extraordinárias para defender a ponte.
Isso inclui a instalação de barreiras subaquáticas para defender suas colunas
contra ataques na ou abaixo da linha d’água e a implantação dos sistemas de
defesa aérea mais sofisticados para defendê-la de foguetes aéreos e drones.
Aviões de guerra destruídos
Os episódios desta terça ocorrem
dois dias depois de um ataque sem precedentes contra a Rússia. No domingo, a
Ucrânia lançou um ataque surpresa de drones que teve como alvo diversas bases
aéreas russas que hospedavam bombardeiros estratégicos com capacidade nuclear.
Pela primeira vez, a ação chegou até a Sibéria, em um duro golpe para os
militares russos. A Ucrânia afirmou que mais de 40 bombardeiros, ou cerca de um
terço da frota de bombardeiros estratégicos da Rússia, foram danificados ou
destruídos, embora Moscou tenha afirmado que apenas alguns aviões foram
atingidos. As alegações conflitantes não puderam ser verificadas de forma
independente, e o vídeo do ataque publicado nas redes sociais mostrou apenas
alguns bombardeiros atingidos.
Mas o ataque ousado demonstrou a
capacidade da Ucrânia de atingir alvos de alto valor em qualquer lugar da
Rússia, desferindo um golpe humilhante ao Kremlin e infligindo perdas
significativas à máquina de guerra de Moscou. Enquanto alguns blogueiros
militares russos compararam a operação a outro infame ataque surpresa – o
bombardeio japonês à base americana de Pearl Harbor em 1941 – outros rejeitaram
a analogia, argumentando que os danos reais foram muito menos significativos do
que a Ucrânia alegou.
Nenhum dos dois ataques é suficiente
para alterar a dinâmica no campo de batalha, onde a Rússia tem feito lentos,
mas consideráveis progressos. No entanto, expõe as fragilidades das forças
russas, que são superiores em pessoal e recursos. Também na terça-feira, os
russos dispararam uma série de foguetes ao centro de Sumi, uma cidade no
nordeste próxima à fronteira da Ucrânia com a Rússia, que abriga mais de
200.000 civis, incluindo muitos que fugiram dos combates ao longo da fronteira.
O ataque matou pelo menos três
pessoas, ferindo outras 25 e incendiando carros, de acordo com autoridades
locais. Um foguete permaneceu não explodido em um apartamento no último andar
de um prédio de nove andares. Vídeos da cena mostraram muitos carros
incendiados e casas destruídas, com equipes de emergência retirando os feridos.
Esse ataque a Sumi faz parte de
um aumento nas operações ofensivas russas no front. Em maio, as tropas russas
ganharam mais do que o dobro do território que tinham em abril, apoderando-se
de cerca de 449 Km² de terra, de acordo com o DeepState, um grupo de pesquisa
ucraniano que usa filmagens de combate para mapear o campo de batalha. A
maioria desses ganhos ocorreu no leste da Ucrânia, ao sul da cidade de
Kostiantinivka, e em um avanço pela fronteira na região de Sumi, onde as forças
russas capturaram outra vila na terça-feira, de acordo com analistas militares.
Ivan Shevtsov da Brigada
Fronteira de Aço da Ucrânia disse que a Rússia avançou cerca de 6 Km para
dentro do país ao longo de um trecho de 9 Km de fronteira na região de Sumi.
Analistas militares dizem que, se a Rússia avançasse 20 Km para dentro da
Ucrânia, suas forças poderiam visar a cidade de Sumi com armas de curto
alcance, como pequenos drones explosivos. Tais ataques em Kherson, no sul da
Ucrânia, mataram pelo menos 150 civis; uma comissão da ONU disse na semana
passada que esses ataques constituíam crimes contra a humanidade.
Em toda a Ucrânia, ao longo do
último dia, ataques de drones russos mataram pelo menos 10 civis e feriram mais
de 50, disseram autoridades ucranianas. “É óbvio: Sem pressão global – sem
ações decisivas dos Estados Unidos, Europa e de todos no mundo que têm o poder
– Putin não concordará nem mesmo com um cessar-fogo”, disse Zelenski em um
comunicado. Em meio à escalada de violência, o chefe de gabinete de Zelenski
voou para os Estados Unidos, acompanhado por uma delegação ucraniana, para
conversas com a administração Trump.
Com informações do Estadão Conteúdo e agências internacionais

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