Fundador do evento fala sobre
iniciativa com validação científica pela USP
Mais de 200 adultos com síndrome de Down se
inscreveram para participar da sétima edição da Expedição 21, programa de
imersão que promove a autonomia e o protagonismo de pessoas com síndrome de
Down na vida adulta. “A Expedição é um projeto com validação científica pela
USP, que já virou documentário disponível na Amazon e, neste ano, completa 10
edições, incluindo edições internacionais. Esta é a sétima que acontece em
território nacional e promete surpreender, como todo ano”, conta Alex Duarte,
educador social e idealizador do evento.
De todos os inscritos, 22 foram
selecionados para viver essa experiência transformadora no Rio de Janeiro,
entre os dias 21 e 23 de maio. Este ano, um dos pontos altos da programação
será uma visita inspiradora ao complexo do PROJAC, nos Estúdios Globo, onde os
participantes poderão conhecer os bastidores das novelas e programas de TV. A
experiência promete ser inesquecível para quem sonha com o universo da
comunicação e da arte.
“O intuito do programa é
estimular a autonomia e a capacidade de tomada de decisão de adultos com
síndrome de Down. Durante três dias, inscritos viverão uma experiência de
imersão, confinados em uma casa onde recebem mentorias em diversas áreas da
vida adulta, desde organização da rotina até convivência coletiva”, explica o
fundador. Todos os exercícios empregados objetivam a preparação deles para que
possam morar sozinhos, longe dos pais e das limitações que ainda lhes são
impostas pela sociedade.
A proposta também inclui uma
competição entre equipes que são formadas de acordo com os perfis, sempre
respeitando os limites de cada inscrito no projeto que traz acessibilidade
comunicacional e conteúdo adaptado. “Nossa expectativa é que cada novo
participante tenha a chance de viver a fase adulta de forma concreta,
experimentando o que é, de fato, ter responsabilidades, fazer escolhas e se
reconhecer como sujeito da própria história. Acredito que eles irão retornar
para casa mais confiantes, com a autoestima fortalecida e com uma nova
percepção sobre suas capacidades, não só para si mesmos, mas também para suas
famílias”, comenta Alex.
Projeto de reconhecimento
internacional, com ganhos sociais efetivos
A motivação nasceu da necessidade
urgente de mostrar, na prática, que pessoas com síndrome de Down podem levar
uma vida comum, com autonomia e protagonismo. “Hoje, o cenário é mais positivo
do que no passado, já que testemunhamos maior presença nas escolas regulares,
no ensino superior, na vida independente e no reconhecimento de seus afetos.
Mas claro, ainda estamos muito aquém do ideal: menos de 1% das pessoas com
deficiência estão no mercado de trabalho”.
O evento, além de formar pessoas
mais preparadas para a vida adulta, também provoca a sociedade a repensar seus
preconceitos, mostrando, com evidências e resultados, que o futuro pode (e
deve) ser de escolhas, liberdade e dignidade. “Como educador posso dizer que é
um processo cuidadoso para realização do evento em si e que começa três meses
antes da imersão. Nesse período, realizamos reuniões com a pessoa selecionada e
sua família para entender quem ela é, quais são seus sonhos, desafios e como
enxerga a própria autonomia. Também avaliamos com critérios técnicos o nível de
suporte necessário para sua participação segura e efetiva”, fala Duarte.
Ainda, durante a imersão os
orientadores trabalham com uma metodologia que estimula o senso de
responsabilidade, a criação de estratégias e o desenvolvimento do pensamento
crítico. “A ideia é que eles vivenciem a tomada de decisões reais e aprendam a
lidar com as consequências dessas escolhas. Com isso, não só a autonomia é
estimulada, mas também a autoestima, a autoconfiança e o senso de pertencimento
em uma edição que tem reconhecimento científico e projeção internacional”.
Em 2022, a segunda edição do
programa foi acompanhada de perto pelo neurocientista Fernando Gomes, da
Universidade de São Paulo (USP) e pela neurocientista Marilene Silva. O
objetivo foi estudar, de forma sistematizada, os impactos da imersão na
autoestima, na comunicação e na autonomia das pessoas com síndrome de Down em
um ambiente inclusivo e positivo. “Os dados coletados têm potencial para
nortear novas práticas pedagógicas e políticas públicas voltadas para a
inclusão, contribuindo para a redução do preconceito e a valorização da
diversidade. Recentemente, representamos o Brasil na sede da ONU, em Genebra,
onde apresentamos os primeiros resultados da pesquisa”, finaliza.
JP
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