Vista geral da Basílica de Santa María Maggiore em Roma, templo onde será sepultado o Papa Francisco. O Papa Francisco morreu esta segunda-feira às 07h35 (05h35 GMT) na sua residência na Casa Santa Marta, anunciou o camerlengo, cardeal Kevin Joseph Farrel, numa mensagem de vídeo, após mais de dois meses de problemas respiratórios que o mantiveram internado durante 38 dias na capital italiana. Agora, após o anúncio, a Santa Sé, através da congregação dos cardeais, deverá estipular os prazos para o seu funeral e sepultamento e depois, no prazo máximo de 20 dias, realizar o conclave para eleger um sucessor. EFE/ Joan Mas
Vaticano informou em um comunicado que “a evangelização, a relação com outras religiões e o tema do abuso” se destacam entre os temas mais urgentes da Igreja
Durante décadas, os abusos
sexuais cometidos por padres contra crianças foram ocultados, sendo esse um dos
desafios mais dolorosos do papa
Francisco, o primeiro pontífice sul-americano, que fez mais do que
qualquer outro no cargo para abordar este tipo de abuso. Agora, às vésperas do
conclave para eleição do novo papa, a Igreja católica traz o tema ao
centro do conclave para substituir o pontífice argentino, morto em 21 de abril.
Com o texto “Vos Estis Lux Mundi”, o jesuíta argentino tornou obrigatório
comunicar à Igreja sobre qualquer suspeita de agressão sexual ou assédio, bem
como qualquer tentativa da hierarquia de encobrir o fato. O Vaticano informou
em um comunicado que “a evangelização, a relação com outras religiões e o tema
do abuso” se destacam entre os temas mais urgentes da Igreja. Os cardeais agora
colocam o tema entre os principais desafios do substituto de Francisco, que
começará a ser escolhido a portas fechadas na Capela
Sistina nesta quarta-feira (7).
“Aplaudimos o reconhecimento por
parde dos cardeais de que colocar fim à crise de abuso deve ser prioridade para
o próximo papa”, disse Anne Barrett Doyle, codiretora da ONG americana Bishop
Accountability, que documenta a violência clerical. “A Igreja em todo o
mundo, através de suas paróquias, escolas, hospitais e orfanatos, cuida de
dezenas de milhares de crianças. A obrigação mais sagrada do próximo papa deve
ser protegê-las de abuso. Sua segurança está em jogo, assim como a autoridade
moral da Igreja”, acrescentou. Quando Francisco assumiu o poder em 2013, a
Igreja se esforçava para responder a uma avalanche de revelações, e muitos
católicos ficaram horrorizados.
Um ponto de virada ocorreu em
2018, durante uma viagem ao Chile. O papa inicialmente defendeu firmemente
um bispo local contra acusações de que ele encobriu os crimes de um padre
idoso, depois admitiu ter cometido “graves equívocos” no caso, uma atitude sem
precedentes para um pontífice. Ele forçou a renúncia de todos os bispos do
Chile. Também atacou o cardeal americano Theodore McCarrick depois que ele
foi considerado culpado por um tribunal do Vaticano de abusar sexualmente de um
adolescente na década de 1970. McCarrick morreu no início deste mês nos
Estados Unidos, aos 94 anos.
Em 2019, Francisco se mobilizou
para realizar mudanças duradouras na forma em que a Igreja gerenciava o abuso.
Ele eliminou o sigilo pontifício sobre as agressões sexuais de
crianças. As denúncias, testemunhos e documentos dos julgamentos internos
na Igreja podem ser entregues agora à Justiça civil, embora não haja nenhuma
obrigação. As vítimas também podem acessar seus arquivos e sentenças.
Apesar das medidas de Francisco, as vítimas continuaram lamentando que o
clero não era obrigado a denunciar possíveis crimes à Justiça civil, a menos
que fosse forçado a fazê-lo pelas leis do país. Mas “isso não exige
transparência pública, divulgação pública, nem mesmo envolve informar às forças
de ordem”, questionou Barrett Doyle.
Próximo papa e o abuso sexual
“O que precisamos do próximo papa
é uma ação significativa, não mais retórica (…) que revele os nomes dos
milhares de sacerdotes declarados culpados até a data, segundo a lei da
Igreja”, declarou Doyle. E que “promulgue uma lei universal da Igreja que
retire permanentemente do ministério todos os abusadores de crianças comprovados”. Em
uma avaliação de fevereiro de 2025, a associação de vítimas Snap afirmou que,
na realidade, o Vaticano continuava retendo documentos sobre casos de abuso e
também condenou a denúncia obrigatória como uma “meia medida”.
Junto com a Bishop Accountability,
esta organização está concentrando sua atenção no próximo papa. Doyle até
viajou para Roma para defender seu caso. A Snap criou um site,
ConclaveWatch.org, para examinar os históricos individuais de cardeais no
gerenciamento de abusos. “Os três últimos papas encobriram o abuso sexual
do clero. Não podemos nos permitir um quarto”, declarou.
Com informações da AFP
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