O governo da China ordenou que suas companhias aéreas nacionais suspendam todas as entregas de aviões da fabricante norte-americana Boeing. A informação foi divulgada nesta terça-feira (15) pela agência Bloomberg e marca uma nova escalada na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
A decisão ocorre poucos dias após
o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impor tarifas de até 145% sobre
uma ampla gama de produtos importados da China. Em resposta, Pequim reagiu
rapidamente, aplicando tarifas de até 125% sobre produtos norte-americanos.
Segundo fontes ouvidas pela
Bloomberg, o governo chinês também orientou as companhias aéreas locais a
interromperem todas as compras de equipamentos e peças de reposição de empresas
dos EUA. A medida representa um duro golpe para a Boeing, que já enfrenta
dificuldades para manter sua presença no mercado chinês.
As tarifas impostas por Pequim
encarecem significativamente os aviões e peças fabricadas nos Estados Unidos,
tornando praticamente inviável para as empresas chinesas arcar com os novos
custos.
Diante desse cenário, o governo da
China estaria avaliando formas de apoiar financeiramente as companhias que
operam aviões da Boeing alugados e que agora enfrentam aumento nos custos
operacionais.
Durante a primeira gestão de
Trump (2017-2021), a Boeing ficou de fora das tarifas comerciais, mas sua
participação no mercado chinês tem caído desde 2019. Em 2022, 25% das entregas
internacionais da empresa tinham como destino a China. Em 2023, esse número
caiu para 9%. Especialistas já apontavam o setor aeronáutico dos EUA como um
dos mais vulneráveis a uma intensificação da guerra comercial.
Agora, a Boeing, sediada em
Arlington (Virgínia), pode perder competitividade frente às suas principais
rivais: a europeia Airbus e a estatal chinesa COMAC (Commercial Aircraft
Corporation of China), que tem o apoio do governo para expandir sua atuação no mercado
doméstico.
A decisão chinesa ocorre em
paralelo à viagem diplomática do presidente Xi Jinping pelo Sudeste Asiático,
onde tem promovido o livre comércio e apresentado a China como uma fonte de
“estabilidade e previsibilidade” em um “mundo turbulento”.
Na segunda-feira (14), em visita
ao Vietnã, Xi se encontrou com o secretário-geral do Partido Comunista do
Vietnã, To Lam, e afirmou que China e Vietnã, como beneficiários da
globalização econômica, devem “reforçar sua determinação estratégica, combater
o unilateralismo e proteger o sistema global de livre comércio”.
Trump reagiu com críticas ao
encontro, dizendo que China e Vietnã estão tentando “descobrir como ferrar os
Estados Unidos da América”.
Xi continua sua agenda nesta
terça-feira em Kuala Lumpur, na Malásia, onde deve discutir um acordo de livre
comércio entre a China e os dez países membros da ASEAN (Associação das Nações
do Sudeste Asiático). A viagem termina com uma visita à Camboja.
O secretário-geral da ASEAN, Kao
Kim Hourn, declarou à imprensa chinesa que o acordo prevê a eliminação de
tarifas em vários setores. “Vamos reduzir mais tarifas a zero em muitos casos e
depois ampliar isso para todas as áreas”, afirmou.
Xi voltou a alertar que o
protecionismo “não leva a lugar nenhum” e que, em uma guerra comercial, “não há
vencedores”, em uma crítica direta às ações de Washington.
Por sua vez, os EUA decidiram
manter isenções tarifárias para diversos produtos tecnológicos chineses. No
entanto, Trump anunciou no domingo (13) que tarifas sobre semicondutores
deverão ser aplicadas “em breve”, o que pode provocar novas retaliações de
Pequim.
A China, por fim, pediu
oficialmente que os EUA cancelem “por completo” os novos impostos, reforçando a
mensagem que tem sido repetida por Xi em sua turnê: “ninguém ganha com uma
guerra comercial” e “o protecionismo não tem futuro”.
Com informações de AFP, EFE e
AP
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