O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky declarou estar “pronto para assinar” um acordo de minerais com os Estados Unidos, que foi suspenso após um encontro conturbado com o presidente americano Donald Trump na última sexta-feira. Segundo a imprensa britânica, a afirmação foi feita a jornalistas no Aeroporto de Stansted, no Reino Unido, antes de seu retorno à Ucrânia.
Zelensky comentou sobre a reunião
desastrosa com Trump, afirmando que “só quer que a posição ucraniana seja
ouvida”. Segundo relatos, o líder ucraniano foi expulso da Casa Branca, e o
acordo, que involve a troca de acesso a minerais de terras raras da Ucrânia por
apoio militar americano, foi temporariamente congelado. A discussão no Salão
Oval, marcada por vozes exaltadas entre Trump, o vice-presidente JD Vance e
Zelensky, destruiu as esperanças de unidade entre as nações europeias e os EUA
sobre o futuro da Ucrânia.
“Você está brincando com milhões
de vidas… Está brincando com a Terceira Guerra Mundial”, teria dito Trump,
pressionando Zelensky a aceitar um acordo sob a ameaça de que, caso contrário,
os EUA “estarão fora”. Vance acusou o ucraniano de desrespeito, enquanto ambos
afirmaram que Zelensky não demonstrou gratidão suficiente pela ajuda militar
americana.
Trump, mais tarde, descreveu o
encontro como algo que “não funcionou exatamente bem”, criticando a postura de
Zelensky de “lutar, lutar, lutar”, enquanto os EUA buscam “acabar com essa
morte”. O acordo em questão, avaliado em um trilhão de dólares por Trump, não
inclui garantias de segurança para a Ucrânia – uma demanda central do país
devastado pela guerra.
Resposta firme e planos para a
OTAN
Apesar das críticas, Zelensky
descartou renunciar após o incidente. Ele rebateu o senador americano Lindsay
Graham, que sugeriu sua saída, com ironia: “Posso dar a Lindsay Graham a
cidadania ucraniana, e aí sua voz começará a ter peso. O presidente da Ucrânia
deve ser escolhido na Ucrânia, não na casa de Graham.” Em entrevista à Sky
News, ele reforçou que sua permanência no cargo está ligada à adesão da Ucrânia
à OTAN: “Sou substituível pela OTAN. Se isso significar cumprir minha missão,
estou pronto.”
Mesmo após o confronto, Zelensky
agradeceu ao povo americano e às nações que apoiam a Ucrânia: “Somos gratos a
todas as sociedades que nos ajudam. Muito obrigado.”
Europa busca estratégia unificada
O incidente em Washington levou
líderes de 18 países europeus a se reunirem em um summit de crise em Londres na
véspera, buscando uma estratégia para a Ucrânia. O primeiro-ministro britânico,
Sir Keir Starmer, alertou que a Europa está em uma “encruzilhada histórica” e
que é “hora de agir”. Após receber Zelensky em Lancaster House, Starmer
afirmou: “Estamos todos com você. Este é um momento único em uma geração para a
segurança da Europa.”
Líderes como Emmanuel Macron
(França), Giorgia Meloni (Itália), Olaf Scholz (Alemanha), Donald Tusk
(Polônia) e Justin Trudeau (Canadá) sinalizaram aumentar os gastos com defesa.
Macron sugeriu uma trégua de um mês no ar, nos mares e em infraestruturas
energéticas, sem envio imediato de tropas europeias. Ele também defendeu que os
países elevem os gastos militares para 3% a 3,5% do PIB – a França, por
exemplo, está em 2,1%.
A presidente da Comissão
Europeia, Ursula von der Leyen, destacou a necessidade de fornecer à Ucrânia
meios econômicos e militares para se proteger, incluindo a segurança de seu
sistema energético. “Queremos transformar a Ucrânia em um porco-espinho de aço,
indigesto para invasores”, disse ela, anunciando um plano de rearmamento
europeu para quinta-feira.
Coalizão da paz e encontros reais
Starmer revelou um plano em
quatro etapas, incluindo a formação de uma “coalizão dos dispostos” para
garantir um acordo de paz na Ucrânia. O Reino Unido anunciou um pacote de 1,6
bilhão de libras para financiar mais de 5 mil mísseis para o país. “Nem todas
as nações podem contribuir, mas as que podem devem intensificar os planos com urgência.
O Reino Unido está pronto com botas no chão e aviões no ar”, afirmou.
Após o summit, Zelensky se
encontrou com o rei Charles III em Sandringham. O encontro, que durou cerca de
uma hora, foi descrito como “caloroso” pelo Palácio. Charles já havia elogiado
a “determinação e força” do povo ucraniano em mensagens anteriores.
Enquanto isso, a polêmica com
Trump não abalou os planos de uma visita de Estado do presidente americano ao
Reino Unido, convidado pelo rei. Apesar de críticas, como as do
primeiro-ministro escocês John Swinney, Downing Street mantém a posição de que
o convite é assunto da realeza.
Gazeta Brasil
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