Líder palestino de protestos anti-Israel em universidades dos EUA é preso e tem visto e green card revogados | Rio das Ostras Jornal

Líder palestino de protestos anti-Israel em universidades dos EUA é preso e tem visto e green card revogados

(Reprodução)

Mahmoud Khalil, ativista palestino que liderou protestos violentos na Universidade Columbia e no Barnard College, foi detido por agentes do Serviço de Imigração e Controle de Alfândega dos EUA (ICE) em seu apartamento no campus na noite de sábado, conforme informado pela sua advogada, Amy Greer. A prisão ocorre no contexto de uma ofensiva do presidente Donald Trump contra manifestações em universidades americanas, o que pode levar à revogação do visto e do green card de Khalil.

Khalil, que completou seu mestrado na prestigiosa Universidade Columbia, membro da Ivy League, em dezembro, ainda residia em um apartamento fornecido pela universidade, uma política que permite aos ex-alunos permanecerem no campus após a graduação. Mesmo após se formar, ele continuou ativo em protestos, incluindo a ocupação da Biblioteca Milstein no Barnard College, na semana passada. Vídeos e fotos postados no X mostram Khalil com um megafone próximo à entrada da biblioteca, dialogando com administradores da instituição.

Segundo o New York Post, a advogada Greer afirmou que a detenção de Khalil é parte de uma repressão ordenada por Trump contra estudantes estrangeiros envolvidos em atos considerados subversivos. “Ele estava em casa quando os agentes do ICE invadiram o apartamento e o levaram sob custódia”, relatou Greer.

Protestos violentos e propaganda

O protesto na Biblioteca Milstein incluiu a distribuição de panfletos com propaganda violenta, supostamente do “Escritório de Mídia do Hamas”. Um dos materiais, intitulado “Nossa Narrativa… Operação Dilúvio de Al-Aqsa”, justificava o ataque de 7 de outubro de 2023 contra Israel, que resultou na morte de 1.200 pessoas e a captura de 251 reféns para a Faixa de Gaza. Durante o ato, manifestantes também exibiram fotos em estilo de cartas de baralho do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, morto em um ataque aéreo israelense no Líbano em setembro passado.

Ari Shrage, presidente da Associação de Ex-Alunos Judeus de Columbia, expressou indignação: “Esses manifestantes estavam distribuindo materiais de organizações terroristas como Hamas e Hezbollah. Todo cidadão americano deveria se preocupar quando estudantes incentivam atividades terroristas em solo dos EUA, independentemente de sua nacionalidade”.

Recentemente, o Barnard College enfrentou ocupações de prédios por duas semanas consecutivas, em resposta à expulsão de dois alunos que invadiram uma aula sobre Israel moderno em Columbia, em janeiro, distribuindo panfletos pró-Hamas. Um dos documentos mostrava uma bandeira israelense em chamas, enquanto outro exibia uma bota militar pisoteando a Estrela de Davi.

Reação e repressão

Em 26 de fevereiro, dezenas de manifestantes mascarados, incentivados pelo grupo pró-Intifada Estudantes de Columbia pela Justiça na Palestina, invadiram o histórico Milbank Hall, no Barnard. Um segurança foi agredido enquanto a multidão forçava a entrada, pichando mensagens como “Palestina livre” e “Barnard expulsa estudantes”. Uma semana depois, em 5 de março, cerca de 200 manifestantes tomaram a Biblioteca Milstein, pendurando um cartaz de “Procurado” com a foto da decana Leslie Grinage e uma efígie da presidente do Barnard, Laura Rosenbury. O prédio foi evacuado pela polícia de Nova York após uma falsa ameaça de bomba, resultando na prisão de nove estudantes.

Enquanto os agentes do ICE invadiam o apartamento de Khalil, a Universidade de Columbia emitiu um comunicado afirmando que não cooperaria com ações do ICE além do que a lei exige. “A polícia precisa de um mandado judicial para entrar em áreas não públicas da universidade, incluindo prédios”, dizia o texto, reforçando o compromisso da instituição com seus alunos e comunidade.

Repercussão e apoio a Khalil

A detenção de Khalil gerou reações imediatas. Seus apoiadores divulgaram um comunicado classificando a prisão como “um ataque racista” que visa “instilar medo em ativistas pró-Palestina e servir de alerta a outros”. Uma petição online exigindo sua libertação, publicada no Action Network, já reunia mais de 273 mil assinaturas até a noite de domingo.

Khalil, ligado ao grupo Columbia United Apartheid Divest (CUAD), participou da ocupação do campus em setembro passado, no início do ano letivo. Na ocasião, líderes locais e a governadora Kathy Hochul condenaram os protestos, pedindo punições rápidas. Durante os atos, Khalil declarou ao Post: “Enquanto Columbia continuar investindo e lucrando com o apartheid israelense, os estudantes resistirão. O limite é o céu”.

No auge dos protestos de acampamento em abril de 2024, Khalil disse ao Columbia Daily Spectator que evitava participar diretamente por temer perder seu visto de estudante, mas foi suspenso por um dia após se envolver em uma manifestação – suspensão revertida por falta de provas, segundo ele à BBC.

Contexto político

A prisão de Khalil ocorre dias após Trump anunciar planos de cortar cerca de US$ 400 milhões em verbas federais para Columbia, alegando descumprimento de leis antidiscriminação. Um agente do ICE teria informado à advogada Greer que a agência segue uma diretriz do Departamento de Estado para revogar o visto e o green card de Khalil, alinhada à promessa de Trump de deportar estudantes estrangeiros “agitadores”.

A escalada das tensões reflete o endurecimento da política migratória e o foco do governo Trump em reprimir movimentos estudantis anti-Israel, enquanto os campi universitários americanos continuam sendo palco de polarização e conflitos.

Gazeta Brasil

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