Em reunião na Arábia Saudita,
governo ucraniano aceitou acordo de trégua imediato de 30 dias; uma negativa de
Moscou pode abalar a relação entre Vladimir Putin e Donald Trump
O presidente dos Estados
Unidos, Donald Trump,
anunciou na quarta-feira (12) que está enviando negociadores à Rússia, em meio
às pressões sobre Moscou para que aceite, como já fez Kiev, sua proposta de
cessar-fogo de 30 dias na guerra na Ucrânia. Trump diz que espera
que seu colega russo Vladimir Putin apoie esse plano, mas evitou detalhar o que
faria em caso de uma negativa.
Moscou, por sua vez, ainda não se
pronunciou e afirma estar à espera dos detalhes. “Uma conversa telefônica no
mais alto nível” entre Trump e Putin é possível em um “prazo bastante curto”,
declarou aos jornalistas o porta-voz da Presidência russa, Dmitry Peskov. No
início do mês, o Ministério de Relações Exteriores russo considerou
“inaceitável” uma trégua temporária.
O presidente americano disse que
“falará” com Putin provavelmente esta semana. Enquanto isso, enviará
negociadores à Rússia “agora
mesmo”. A Casa Branca informou que o enviado Steve Witkoff viajaria a Moscou
esta semana. A proposta de cessar-fogo foi forjada nas negociações de
terça-feira na Arábia Saudita entre responsáveis ucranianos e americanos, após
mais de três anos de guerra.
Este encontro pôs fim às tensões
entre Kiev e Washington após o bate-boca entre o presidente ucraniano,
Volodimir Zelensky, e Trump na Casa Branca. O secretário de Estado americano,
Marco Rubio, para quem “a bola está agora” com os russos, espera “com
impaciência” a resposta de Moscou.
“Se a resposta for ‘sim’, então
sabemos que fizemos verdadeiros progressos e há uma oportunidade real de paz”.
Caso a resposta seja “não”, a Rússia “deixará claras as suas intenções”,
comentou Rubio nesta quarta. Zelensky disse que não “confia” em Moscou. “A
Rússia deve responder”, declarou ele em entrevista coletiva. Além disso, pediu
aos Estados Unidos medidas “fortes” em caso de uma negativa russa e esclareceu
que as garantias de segurança que Kiev reivindica a seus aliados ocidentais
serão discutidas “com mais detalhe” uma vez que a trégua esteja em vigor.
Os europeus, que por ora estão
excluídos das discussões com Kiev e Moscou, instaram conjuntamente a Rússia a
se pronunciar. Também voltaram a pedir garantias de segurança para dissuadir a
Rússia de lançar um novo ataque. Nas ruas de Kiev, a proposta teve uma recepção
morna. “A ideia é boa, mas acho que a Rússia nunca vai aceitar”, declarou Roman
Dunayevskiy à AFP.
Em Kramatorsk, perto do front no
Donbass, um oficial ucraniano também considera que os russos vão continuar com
seus ataques, inclusive em caso de cessar-fogo. Uma desconfiança similar paira
entre os moscovitas consultados pela AFP. Anna Kozlova, funcionária do sistema
penitenciário russo, acredita que uma trégua permitirá à Ucrânia “rearmar-se”.
“E a guerra voltará”, frisou.
Sob ‘pressão’ em Kursk
A resposta positiva da Ucrânia à
proposta levou Washington a anunciar a retomada do envio de ajuda militar e a
transmissão de informação de inteligência a Kiev. Segundo a Polônia, nesta
quarta-feira, as entregas de equipamentos militares americanos pelo centro
logístico de Jasionka “voltaram aos níveis anteriores”.
No terreno, as forças ucranianas
recuam há vários dias no oblast (região administrativa) de Kursk, na Rússia,
que invadiram em agosto de 2024. Se perder esses territórios em Kursk, Kiev
ficará sem sua “moeda de troca” em eventuais negociações de paz com a Rússia,
que ocupa 20% da Ucrânia.
Zelensky declarou nesta
quarta-feira que as tropas russas estão “claramente tentando aplicar pressão
máxima” sobre o contingente ucraniano em Kursk, embora não tenha anunciado
nenhuma retirada. O chefe do Exército ucraniano, Oleksandr Syrskyi, ordenou o
envio de reforços à região na segunda-feira.
Ao mesmo tempo, continuam os
bombardeios na Ucrânia. Em Odessa (sul), um míssil balístico russo matou quatro
pessoas na noite de terça-feira e danificou um navio de carga com bandeira de
Barbados, segundo as autoridades ucranianas. Mas Kiev também intensifica a
pressão militar. Após o maior ataque com drones contra Moscou desde o início do
conflito, o Ministério da Defesa da Rússia informou nesta quinta-feira que suas
defesas derrubaram 77 drones ucranianos lançados contra seu território.
Outro ataque ucraniano contra uma
fábrica de alimentos em Kursk matou quatro pessoas, segundo seu governador,
Alexander Khinshtein. Nesse contexto, Vladimir Putin visitou as unidades que
lutam contra o Exército ucraniano nesta região, anunciou o Kremlin na quarta.
Com informações da AFP
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