O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta terça-feira (25) que a investigação do inquérito do suposto golpe é diferente de outros escândalos já julgados pela Corte, como mensalão e Lava Jato, e que a gravidade dos fatos narrados torna o caso singular e de difícil comparação. Ele também disse que a suposta tentativa de golpe é muito mais grave que o mensalão. “Singular e muito difícil de comparar”, disse o ministro. As declarações foram dadas em um café com jornalistas.
Decano do Supremo, Mendes disse
que a investigação da Polícia Federal sobre o golpe foi “exemplar”, tendo
reunido diversas provas, como áudios e mensagens, que reconstituem o que
ocorreu.
“Do que eu vejo nesse momento, até onde a
vista alcança, esses fatos precisam ser examinados agora nessa fase, é um
relatório da Polícia Federal muito sólido. Acho que todo mundo que leu vê uma
concatenação, uma farta de documentação se você olhar os filmes, as reuniões,
as pessoas treinando, então, impressiona, acho que é o que tornou a denúncia
bastante concatenada”, disse Mendes.
“O fato em si também é muito
diferente de tudo o mais. No mensalão se falava: está se corrompendo a
democracia, a compra de votos. Aqui é uma coisa muito mais grave, quando se
fala de matar o presidente da república, matar o vice-presidente, matar o
ministro do Supremo, prender outros, fazer uma intervenção, sabe, é algo se
formos buscar uma comparação, por exemplo, com o Mensalão, nós vamos dizer,
poxa, é algo, ainda que tivesse a ver com democracia e a liberdade de voto, mas
é algo totalmente diverso. A gravidade, portanto, dos fatos narrados é qualquer
coisa de especial, e que se tem avançado tanto”, completou.
No dia 18 de fevereiro, o
procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou ao STF denúncia contra o
ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 33 por suposto envolvimento em um plano de
golpe de Estado após as eleições de 2022.
O ministro da Casa Civil, José
Dirceu, foi acusado de chefiar o esquema do Mensalão, que consistia no
pagamento de mesadas a parlamentares para assegurar apoio à base governista de
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entre 2003 e 2004. À época, foram desviados ao
menos R$ 101 milhões.
O termo Mensalão entrou para o
vocabulário da política por ter exposto a relação de “toma lá, dá cá” entre
governo e Congresso. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o esquema
de corrupção consistiu em compra de apoio de parlamentares, por meio do desvio
de recursos. Escândalos mais recentes, como Petrolão e Orçamento Secreto, se
assemelham ao Mensalão na finalidade de assegurar uma base para o governo.
No Petrolão, segundo levantamento
da Polícia Federal em 2018, teriam sido desviados da Petrobras R$ 48 bilhões em
quatro anos. Já o Orçamento Secreto, tem previsão orçamentária para 2023 de R$
19,4 bilhões.
Gazeta Brasil
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