O Ministério do Planejamento anunciou, nesta quarta-feira (29), a suspensão da criação da Fundação IBGE+, uma proposta de apoio ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que gerou uma crise interna e levantou preocupações sobre a interferência privada no órgão. A decisão ocorre em meio a um embate prolongado entre o presidente do IBGE, Marcio Pochmann, e os servidores do instituto, que denunciavam a falta de diálogo e a criação sigilosa da fundação.
A IBGE+ foi proposta por Pochmann
com o objetivo de ampliar as fontes de recursos e apoiar a inovação científica
e tecnológica do instituto. O estatuto da fundação, no entanto, gerou
desconfiança entre os servidores, que a acusaram de abrir espaço para a
captação de recursos privados, o que, segundo eles, poderia comprometer a autonomia
e imparcialidade do IBGE. A fundação, de caráter público-privado, foi
considerada pelos funcionários como uma tentativa de “privatização” do
instituto, e o projeto recebeu críticas por ser elaborado sem consulta prévia
aos trabalhadores.
O clima tenso no IBGE se arrasta
desde setembro, quando os servidores apontaram a falta de transparência e a
ausência de diálogo por parte da presidência. O projeto da fundação foi visto
como um reflexo dessa postura, gerando um sentimento de insatisfação e
desconfiança dentro da instituição.
Em resposta às críticas, o
Ministério do Planejamento informou que, em conjunto com o IBGE, decidiu
suspender a proposta da fundação. A pasta também afirmou que está buscando
alternativas para garantir o desenvolvimento institucional do instituto, sem recorrer
à parceria com entidades privadas. Além disso, o Ministério anunciou que
apoiará o Censo Agropecuário de 2025, um projeto importante para o IBGE, cujos
recursos haviam sido omitidos na proposta orçamentária do governo Lula.
No mesmo comunicado, o Ministério
mencionou que estão sendo analisados modelos alternativos para fortalecer o
IBGE, o que poderá envolver mudanças legislativas, exigindo um diálogo mais
próximo com o Congresso Nacional. A intenção é garantir que o instituto possa
se modernizar e inovar, mas sem comprometer sua independência.
A suspensão da criação da IBGE+
veio poucas horas após Pochmann, em evento em Brasília, negar que a fundação
tivesse qualquer relação com interesses privados. “Em absoluto”, afirmou ele,
ao ser questionado sobre o impacto potencial da fundação nas aferições do IBGE,
como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Pochmann ressaltou
que a criação de fundações com características públicas e privadas tem sido uma
solução adotada por diversas instituições públicas para ampliar seus orçamentos
e inovar em seus métodos.
Gazeta Brasil
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