terça-feira, janeiro 14, 2025

ONG e PCC: Operação Desvenda Ligações Criminosas e Prende Advogados


A Polícia Civil e o Ministério Público de São Paulo realizaram na manhã desta terça-feira (14) uma operação para desarticular um esquema sofisticado envolvendo advogados e líderes de uma ONG que supostamente colaboravam com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Denominada “Scream Fake” (grito falso, em português), a operação cumpriu 12 mandados de prisão preventiva e 14 de busca e apreensão em diversas cidades de São Paulo e no Paraná.

Os alvos da operação estavam localizados em São Paulo, Guarulhos, Presidente Prudente, Flórida Paulista, Irapuru, Presidente Venceslau, Ribeirão Preto e Londrina.

As investigações começaram há três anos, quando um visitante da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau foi flagrado tentando entrar no local com cartões de memória escondidos nas roupas. O conteúdo dos cartões e manuscritos de detentos revelou uma estrutura organizada dentro da facção, dividida em três setores principais: “gravatas” (advogados), “saúde” e “financeiro”.

Os advogados desempenhavam um papel crucial no esquema, funcionando não apenas como defensores legais, mas também como gerentes dos demais setores da facção. No setor da “saúde”, médicos e dentistas eram cooptados para prestar serviços particulares a detentos, incluindo intervenções cirúrgicas e estéticas, sem saber que estavam colaborando com o PCC. Esses profissionais recebiam pagamentos elevados pelos atendimentos.

 “Plano de Saúde” do Crime Organizado

O esquema funcionava como um verdadeiro plano de saúde para integrantes do PCC. Detentos das penitenciárias de Presidente Venceslau e do Centro de Readaptação Penitenciária tinham acesso a tratamentos médicos e odontológicos exclusivos, organizados pelos advogados da facção.

Os presos não tinham conhecimento dos valores cobrados pelos serviços, que eram negociados diretamente pelos advogados. O pagamento era feito com recursos provenientes de atividades criminosas, como o tráfico de drogas, frequentemente com valores superfaturados.

Recursos do Tráfico Financiando Saúde

A investigação revelou que os recursos usados para financiar os atendimentos médicos eram oriundos do tráfico de drogas e outras práticas criminosas da facção. Essa estrutura garantiu que a organização criminosa mantivesse um controle sofisticado sobre as condições de seus membros, mesmo dentro do sistema prisional.

A operação “Scream Fake” representa um avanço significativo no combate ao PCC, ao expor uma rede bem articulada que utilizava profissionais de diversas áreas para sustentar suas operações. Os detidos serão investigados por crimes como associação criminosa, lavagem de dinheiro e facilitação de práticas ilegais.

Gazeta Brasil

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