Estudo da Universidade Veiga de Almeida avaliou potencial econômico circular desperdiçado pelo não aproveitamento de resíduos plásticos no estado entre 2020 e 2024
Entre 2020 e 2024, o estado do Rio de Janeiro deixou de movimentar R$
766 milhões com a venda de materiais plásticos pela falta de apoio adequado à
cadeia de reciclagem desse resíduo. É o que mostra um estudo do Mestrado
Profissional em Ciências do Meio Ambiente da Universidade Veiga de Almeida
(UVA), a partir de dados do Sistema Nacional de Informações Sobre a Gestão dos
Resíduos Sólidos (SINIR+) e do Anuário da Reciclagem. O levantamento avaliou o
potencial econômico circular desperdiçado pelo não aproveitamento de resíduos
plásticos no estado.
No período, o mercado de reciclagem de plástico no Rio de Janeiro
gerou pouco mais de R$ 118 milhões. O valor, no entanto, poderia chegar a R$
884,5 milhões se houvesse apoio efetivo e essa cadeia produtiva no estado. O
reaproveitamento e a reciclagem dos resíduos plásticos no estado apresentam um
potencial econômico ainda subutilizado devido às limitações estruturais e à
baixa eficiência no índice de recuperação de resíduos dos 92 municípios
fluminenses, segundo o levantamento.
“O Rio tem capacidade de se posicionar como líder nacional em economia
circular, desde que invista em infraestrutura, políticas públicas e educação
ambiental. A criação de fluxos econômicos mais eficientes, aliados ao
fortalecimento das cooperativas de reciclagem e à integração com a indústria,
tem o potencial de transformar o que hoje é visto como lixo em uma cadeia de
valor sustentável. A transição para uma economia circular não é apenas viável,
mas também uma estratégia essencial para promover desenvolvimento
socioeconômico e assegurar a sustentabilidade ambiental da cadeia produtiva da
reciclagem no estado”, explica Carlos Eduardo Canejo, professor do Mestrado em
Ciências do Meio Ambiente da UVA e coordenador do estudo.
A análise considerou três cenários: realista, otimista e desejado. No
realista, os pesquisadores da UVA se basearam no último Índice de Recuperação
de Resíduos (IRR) disponível do estado do Rio de Janeiro, gerado pelo SINIR+,
de apenas 0,49%. O IRR é o percentual de resíduos sólidos reutilizados,
reciclados ou aproveitados energeticamente. Desse pequeno percentual de lixo
reaproveitado no Rio, 32% foram resíduos plásticos. Na segunda avaliação, foi
utilizado como referência o IRR médio do Brasil em 2019, de 1,67%. Neste ano,
24% dos materiais recuperados no país eram plásticos. Já na hipótese otimista
se baseou no indicador do estado com o melhor IRR em 2019, o Rio Grande do Sul,
cuja taxa foi 4,35%. Do montante reciclado, 27% dos materiais recuperados foram
resíduos plásticos.
O estudo estimou uma geração de cerca de 32 milhões de toneladas de
resíduos sólidos urbanos no estado do Rio de 2020 a 2024. Desse volume, 16,80%
são plásticos, de acordo com o Plano Estadual de Resíduos Sólidos do Estado do
Rio de Janeiro (PERS/RJ). Ou seja, a projeção de resíduos plásticos gerada no
Rio em cinco anos foi de cerca de 5,4 milhões de toneladas, o equivalente ao
peso de 4700 estátuas do Cristo Redentor. Segundo dados do Anuário da
Reciclagem, os valores médios de venda de resíduos plásticos na Região Sudeste
foram R$ 1.160/t (2020), R$ 1.960/t (2021), R$ 2.310/t (2022) e R$ 2.830/t
(2023). Para 2024, a equipe da Veiga projetou o valor de venda com base na
análise da curva de tendência dos anos anteriores, obtendo um preço de R$
3.327/t.
O Anuário da Reciclagem é uma iniciativa fomentada por diversas
indústrias e associações brasileiras com o intuito de mapear as ações de
logística reversa, de integração de cooperativas de catadores e de
comercialização de materiais recicláveis no país.
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